Crise energética pode forçar Europa a abandonar metas para geração renovável

Europa crise energética
REUTERS/Heinz-Peter Bader

Quanto mais perto a Europa chega do inverno, mais claras são as consequências negativas da Guerra da Ucrânia para as mudanças climáticas. As restrições que a Rússia impôs às exportações de gás como forma de retaliar a posição de nações como a Alemanha e a França contra a ação militar têm provocado uma série de efeitos em cascata. O fornecimento de energia para 2022/2023 está garantido, diz a CNN, graças a metas restritivas de consumo, diversificação de fornecedores de combustível e, infelizmente, retomada de minas de carvão.

Nesse campo, vale a leitura da história da vila de Lützerath, trazida pelo jornal The New York Times: localizada ao lado de uma mina de carvão, ela resistiu meses – especialmente o último fazendeiro do local, ao lado de ativistas climáticos – à exploração, mas na semana passada o governo alemão decidiu que a maior empresa da área no país, RWE, precisa do carvão que se encontra sob a vila. Lützerath, com isso, se torna um símbolo de questionamentos cada dia mais constantes sobre o impacto de decisões de curto prazo nos planos de médio e longo prazos de corte de emissões na Europa.

A Noruega, que absorveu parte da demanda do continente, vê suas operações de exploração no Ártico, antes sob escrutínio devido às mudanças climáticas, serem aceitas com mais benevolência por parte da comunidade internacional, mostra The Washington Post, enquanto a Polônia corre para manter seu fornecimento de óleo correndo, conta a AP. Países em desenvolvimento, como Paquistão e Bangladesh, estão voltando ao carvão devido aos preços elevados de energia decorrentes da guerra, como indica a Reuters.

A alta dos preços tem afetado a população de diversos países e a União Europeia discute um teto para o valor do gás, como reportado por Euronews, Bloomberg e Reuters. Além disso, a crise de energia deve ter um impacto no crescimento desses países. É o caso da Alemanha, conta o Valor, que já prevê uma contração de 0,4% em vez de uma expansão de 2,5% em 2023.

A Europa tem falado que, apesar de haver uma nova corrida por fontes fósseis, a crise energética também deve estimular a corrida por fontes renováveis no continente. Contudo, pelo menos no que diz respeito à indústria de turbinas eólicas europeias, o efeito parece ser contrário, pois os altos preços de matérias-primas e atrasos no fornecimento decorrentes da guerra na Ucrânia colocam em risco suas operações, relata The Financial Times. O próximo grande momento dessas discussões será a 27ª Conferência do Clima da ONU, COP27, que acontece em novembro no Egito.

 

ClimaInfo, 14 de outubro de 2022.

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