Lula promete retomada ambiental para compensar retrocessos de Bolsonaro

Lula Amazônia
Andre Penner/AP/picture alliance

Se vencer no próximo domingo (30/10), o ex-presidente Lula já sinalizou que colocará a questão ambiental no topo da agenda política do próximo governo. No entanto, ele deverá enfrentar dificuldades políticas com um Congresso marcadamente mais conservador do que nos anos 2000, dominado por representantes de setores políticos e econômicos reticentes a regras e a metas ambientais mais rígidas.

Na Reuters, Jake Spring comparou os planos ambientais de Lula com o Green New Deal defendido por parte do Partido Democrata nos EUA em termos de abrangência e ambição. Entre as promessas do candidato petista, estão a proteção de 500 mil km2 de área florestal na Amazônia, o combate rígido ao desmatamento, e uma reforma tributária com foco “verde”. Essas medidas contrastam com o desinteresse do governo de Jair Bolsonaro no tema e representam também uma mudança em relação ao que se tinha na primeira passagem do PT pelo Palácio do Planalto, quando os governos do partidos adotaram uma abordagem desenvolvimentista.

Tal como o projeto norte-americano, as propostas de Lula certamente vão enfrentar desafios políticos sérios no Congresso Nacional. Ainda que um provável governo petista possa ter alguma maioria no Legislativo, a margem será bastante estreita e o Palácio do Planalto pode ser forçado a negociar as medidas com os parlamentares e a priorizar algumas em detrimento de outras.

Por falar em Congresso, a CNN Brasil informou que a bancada ruralista já começa a planejar a tramitação relâmpago de itens do “pacote da destruição” para garantir sua aprovação ainda neste ano, antes de uma eventual posse de Lula. Na relação, estão projetos como o que flexibiliza o licenciamento ambiental, o que facilita a regularização fundiária de áreas públicas invadidas e ocupadas ilegalmente, e o que modifica as regras de aprovação de pesticidas e agrotóxicos.

Em tempo 1: Uma análise do InfoAmazonia e do PlenaMata sobre a repercussão de postagens com temática ambiental no Twitter revelou um quadro curioso que pode explicar, em parte, como a desinformação bolsonarista ganha volume nas redes sociais. Segundo o levantamento, 97% das interações de defensores de Bolsonaro no Twitter ocorrem entre eles próprios, sem furar a “bolha”. Essa estratégia facilita a disseminação de fake news: tweets e retweets, muitas vezes impulsionados por robôs (bots) aumenta o volume e deixa mensagens e hashtags em evidência, criando uma caixa de ressonância que amplia o impacto das postagens no Twitter.

Em tempo 2: Ainda sobre desinformação, o g1 informou que o Google confirmou a remoção de um anúncio publicitário da campanha de Bolsonaro que relacionava o ex-presidente Lula a queimadas na Amazônia. A peça distorcia dados relativos à ocorrência de fogo nos governos petistas e na atual administração.

 

ClimaInfo, 28 de outubro de 2022.

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