EUA querem iniciativa privada em nova proposta para mercado de carbono atrelado à transição energética

COP27 EUA mercado de carbono
The America University in Cairo

O enviado especial dos Estados Unidos para as negociações climáticas da ONU, John Kerry, deve apresentar hoje (9/11) uma proposta para facilitar a participação da iniciativa privada no comércio de créditos de carbono relacionados a projetos de energia renovável e transição energética nos países em desenvolvimento. 

A ideia de Kerry é permitir que governos possam gerar créditos de carbono na medida em que a infraestrutura de combustíveis fósseis, como usinas a carvão, fosse cortada e a energia renovável, aumentada. Esses créditos seriam certificados por um organismo independente, e depois oferecidos às empresas para compensar suas próprias emissões. Com os recursos obtidos pela venda desses créditos, os governos conseguiriam acelerar a transição para fontes renováveis de energia.

A expectativa do governo norte-americano é de que isso ajude a destravar “dezenas de bilhões” de dólares de capital privado, que beneficiaria principalmente as economias emergentes.

Ao mesmo tempo, a proposta se insere em um esforço mais destacado da Casa Branca para incentivar a participação de atores privados em esquemas de financiamento para ação climática nos países pobres, vistos como fontes potenciais de recursos para complementar o financiamento climático oferecido pelas nações desenvolvidas àquelas mais pobres.

Bloomberg, Financial Times, NY Times e Reuters deram mais detalhes da proposta, bem como as reações de especialistas e ativistas climáticos. Por um lado, estes enxergam nesse esforço uma tentativa do governo Biden de manter a proatividade dos EUA na agenda climática nos próximos dois anos, especialmente se o controle do Congresso do país passar para a oposição negacionista republicana. Por outro, a falta de detalhes e de regras claras sobre esse mercado o tornam mais frágil aos olhos de investidores e empresas.

Por falar em EUA na COP27, o site POLITICO contrastou as estratégias norte-americana e chinesa para a Conferência de Sharm el-Sheikh. Os EUA apostam em uma abordagem participativa, com a presença de diversos representantes políticos e diplomáticos do país no Egito, incluindo o presidente Joe Biden. Já a China de Xi Jinping tem uma presença mais limitada neste ano, e o próprio líder do país não pretende passar pela COP27. A relação entre os dois países, que encabeçam a lista dos maiores emissores atuais de gases de efeito estufa, está em crise desde agosto passado, depois da visita da presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan.

Em tempo: A Bloomberg informou que EUA, União Europeia e Japão pretendem anunciar no dia 17 um novo compromisso para reduzir as emissões de metano ligadas a extração e transporte de petróleo e gás. Essas nações encabeçaram no ano passado em Glasgow um acordo para reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, que atraiu a adesão de mais de 120 países. Pelo novo compromisso, esses países prometeram manter atualizações sobre o progresso de suas medidas antimetano, para facilitar o acompanhamento das promessas e a análise de sua implementação.

 

ClimaInfo, 9 de novembro de 2022.

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