Representantes de EUA e China tentam “quebrar gelo” diplomático na COP27

COP27 EUA China cooperação
AP - Patrick Semansky / Reuters - Mohamed Abd El Ghany

Os enviados especiais dos Estados Unidos e da China para o clima, John Kerry e Xie Zhenhua, tiveram uma conversa informal ontem (9/11) na COP27, informou a Bloomberg.

Os dois países estão com o relacionamento bilateral congelado desde agosto, depois que a China reagiu à visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan.

De acordo com o Wall Street Journal, o primeiro contato entre Kerry e Xie aconteceu um dia antes, por telefone. A ideia da Casa Branca é aproveitar a Conferência do Clima para “quebrar o gelo” com os chineses, destacando um tema no qual os dois países têm interesse e necessidade de cooperar.

“Precisamos conversar uns com os outros porque somos as duas maiores economias do mundo e os dois maiores emissores”, justificou Kerry. 

Os dois países estão interessados em retomar as conversas sobre o acordo internacional anunciado no ano passado para reduzir as emissões de metano em 30% até 2030. Outras preocupações mútuas incluem o combate ao desmatamento e a transição para energia renovável.

Enquanto isso, Kerry aproveitou o dia de ontem para reforçar o compromisso dos EUA com a agenda climática, mesmo após uma pequena vitória da oposição republicana nas eleições de meio-termo. O Partido Democrata de Joe Biden teve um desempenho melhor que o esperado e caminha para manter sua maioria estreita no Senado, apesar de estar atrás na corrida pela Câmara. 

“A maior parte do que estamos fazendo não pode ser alterada por ninguém que venha a Washington porque ela está no setor privado. O mercado tomou a decisão de fazer o que precisamos fazer”, disse um confiante Kerry, citado pela Associated Press.

Já Xie afirmou que a China estaria disposta a contribuir para um eventual mecanismo de compensação para perdas e danos decorrentes de eventos climáticos extremos nos países pobres. A sinalização é importante, já que os chineses são historicamente refratários a compromissos de financiamento climático como doadores. “Não é uma obrigação da China, mas estamos dispostos a dar nossa contribuição e fazer nosso esforço”, disse o enviado especial chinês, citado pela Reuters.

Em tempo: O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, apresentou ontem (9/11) na COP27, o plano dos EUA para criação de um mercado carbono nos países em desenvolvimento, o Acelerador de Transição Energética (ETA, na sigla em inglês). Segundo o Observatório do Clima, o plano foi recebido com desconfiança e críticas de especialistas e organizações da sociedade civil, pelo mecanismo poder contrariar as recomendações do grupo de trabalho de especialistas climáticos da ONU para a garantia do objetivo de zerar as emissões de gases de efeito estufa. O plano, uma parceria do Departamento de Estado dos EUA com a Fundação Rockefeller e o Bezos Earth Fund, prevê que países e regiões que reduzam a queima de combustíveis fósseis e incorporem o uso de energias renováveis recebam créditos de carbono, que poderão ser vendidos a empresas que queiram compensar suas emissões.

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2022.

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