Ou vai, ou racha. É assim que muitos estão observando o resultado da Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15), que começa na próxima 2ª feira (5/12) em Montreal (Canadá). Isso porque, depois de quase dois anos de novela, os países precisarão chegar a algum entendimento para viabilizar um novo acordo global para proteção da diversidade biológica.
Inspirado no Acordo de Paris para o clima, a proposta de novo acordo para a biodiversidade inclui metas ambiciosas, como a transformação de 30% do território terrestre e marinho do mundo em áreas protegidas até 2030 e a eliminação de bilhões de dólares em subsídios governamentais prejudiciais ao meio ambiente.
“Não se trata apenas de salvar espécies raras. Trata-se de sustentar a teia da vida da qual a humanidade depende, em última análise, para alimentação, água, saúde e regulação do clima”, afirmou Tony Juniper, da Natural England, à BBC.
Já a brasileira Fernanda Carvalho, chefe de política climática no WWF, ressaltou a importância de um acordo para a biodiversidade dentro dos esforços globais contra a mudança do clima. “Temos que lembrar que a crise climática e a crise da biodiversidade são as crises definidoras de nosso tempo, se não forem enfrentadas, podemos não ter um planeta para viver”.
O texto de negociação em Montreal ainda está em aberto, o que levanta preocupação entre observadores sobre a capacidade dos negociadores de chegarem a um entendimento rápido. Ao mesmo tempo, como assinalou o Climate Home, as negociações da COP15 sofrem com um vácuo de liderança: teoricamente, a presidência da Conferência é ocupada pela China, país que seria o anfitrião original do encontro em 2020, suspenso por conta da pandemia, o que forçou um redirecionamento das conversas para a sede da CDB, no Canadá.
Uma decisão polêmica dos chineses já coloca em xeque as perspectivas da COP15: diferentemente da COP27 de clima, a Presidência não convidou nenhum chefe de Estado ou de governo; coube ao Secretariado da CDB, encabeçado por Elizabeth Mrema, fazer o convite de última hora, com baixa perspectiva de participação. Sobre as negociações de Montreal, a diplomata tanzaniana afirmou ao Diálogo Chino ter “sentimentos mistos”.
“Por um lado, o texto é bom como está. Muito trabalho tem que ser feito. Ele inclui toda a ambição que se esperaria na estrutura pós-2020 e aprende com as lições das metas de biodiversidade de Aichi. Por outro lado, o texto ainda está cheio de colchetes. E quando os colchetes foram removidos, não tenho certeza se isso removerá a ambição ou a fortalecerá”.
ClimaInfo, 28 de novembro de 2022.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.