Amazônia: Bolsonaro deixa desmatamento em alta para Lula resolver

Brasil desmatamento 2022
Michael Dantas 16.abr.22/AFP

A explosão do desmatamento na Amazônia no governo de Jair Bolsonaro, que aumentou quase 60% em quatro anos, é um dos abacaxis mais complicados que ficarão para o próximo governo “descascar”. Apesar da redução de 11% no último período anual, assinalada pelo sistema PRODES/INPE nesta semana, o monitoramento do sistema DETER a partir de agosto mostra um cenário mais preocupante para os últimos meses da atual gestão.

Os alertas de desmatamento registrados de agosto a outubro somaram uma área de 4.020 km2, o maior índice observado para esses três meses desde 2015. “O dado do PRODES é uma fotografia do passado. Mas a partir de agosto temos uma forte alta. É a sinalização do futuro”, explicou Cláudio Almeida, do programa de monitoramento do INPE, citado pelo Valor.

“A explosão dos últimos meses tem sido atribuída ao fenômeno eleitoral: uma espécie de ‘tchau, Bolsonaro’ dos desmatadores, que estariam aproveitando o período final do mandato que prometeu e cumpriu a anistia às atividades de exploração predatória e ilegal do bioma”, escreveu Ana Carolina Amaral na Folha. Lembrando que, por razões metodológicas, a alta do desmatamento no último semestre ficará refletida na próxima análise anual do PRODES, ao final do 1o ano de governo Lula. Ou seja, mesmo sem Bolsonaro no comando do governo, seu desgoverno ainda se refletirá nos dados do desmatamento no ano que vem.

Em tempo 1: Parlamentares que atuam nos grupos de transição do próximo governo entraram com uma ação na Justiça Federal para suspender os atos do presidente do IBAMA, Eduardo Fortunato Bim, que flexibilizaram punições para infratores ambientais. A ação contesta em especial mudanças recentes impostas pela direção do órgão que podem resultar no vencimento de mais de 40 mil multas em decorrência da paralisia no processo administrativo. A notícia é do Estadão.

Em tempo 2: Por falar em IBAMA, Estadão e O Globo deram mais detalhes sobre a penúria orçamentária no órgão no final do governo Bolsonaro. De acordo com ofício assinado pelo próprio Bin, o IBAMA está sem dinheiro para financiar sua operação básica, como água e energia elétrica, o que pode resultar em uma paralisia administrativa. O Ministério da Economia cortou R$ 90 milhões do orçamento do Ministério do Meio Ambiente, o que causou também um bloqueio de pouco mais de R$ 12,6 milhões nas contas do IBAMA para o restante do ano.

 

ClimaInfo, 2 de dezembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.