Desmatamento: transição quer separar números de Bolsonaro e Lula

desmatamento Bolsonaro x Lula
Pedro Ladeira - Folhapress

A intensificação do desmatamento na Amazônia desde agosto passado deixou a equipe do presidente-eleito Lula em alerta. Isso porque, de acordo com a metodologia utilizada pelo sistema PRODES/INPE para estimar o desmatamento amazônico, o período de estimativa vai de agosto até julho do ano seguinte. Ou seja, os dados referentes aos últimos cinco meses de 2022 entrarão na conta a ser apresentada pelo INPE no final de 2023, já sob o governo Lula.

De acordo com a Folha, o grupo de trabalho que atua na área ambiental dentro da transição quer mudar a divulgação dos dados do desmatamento para separar os últimos meses do governo Bolsonaro da conta da derrubada de floresta dos primeiros meses da próxima gestão.

Uma ideia é “alinhar” o ano-desmatado ao ano-calendário. Nesse caso, o INPE divulgaria no começo de 2023 os dados referentes ao período agosto-dezembro de 2022 e, a partir de janeiro, iniciaria um novo ciclo anual de monitoramento.

Lembrando que, segundo o sistema DETER/INPE, os alertas de desmatamento de agosto a novembro deste ano acumulam uma área superior a 4,54 mil km2. Para comparação, o PRODES estimou o total desmatado no último período anual (agosto de 2021 a julho de 2022) em 11.568 km2.

Ainda sobre a transição política, Malu Gaspar abordou n’O Globo uma possível disputa entre as ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira em torno da definição da autoridade nacional climática, uma promessa de campanha de Lula.

Segundo a reportagem, Marina defende que a autoridade climática fique sob o guarda-chuva do Ministério do Meio Ambiente; já Izabella propõe que a estrutura seja criada dentro da Presidência da República. No pano-de-fundo dessa disputa estaria a disposição delas em fazer parte do novo governo, como ministra ou como chefe da autoridade climática.

Em tempo: Sob Bolsonaro, a política externa brasileira viveu seu pior momento desde a redemocratização. O Brasil perdeu prestígio e reconhecimento internacional, ficou isolado de aliados tradicionais e potenciais, criou disputas inúteis com quem deveria cooperar e comprou brigas desnecessárias que não trouxeram nada ao país. Mas a coisa poderia ter sido pior se diplomatas do Itamaraty não tivessem atuado, ainda que discretamente, para “sabotar” os instintos mais primitivos do bolsonarismo na seara internacional. Jamil Chade contou no UOL como essa “rede clandestina” buscou enfraquecer as posições mais polêmicas do governo e aliviar as reações externas às diatribes do grupo ideológico que tomou conta do Ministério de Relações Exteriores na gestão de Ernesto Araújo.

 

ClimaInfo, 8 de dezembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.