Negociadores temem “momento Copenhague” na COP15 da Biodiversidade

COP15 Biodiversidade negociações
Christinne Muschi/Reuters

Antes da abertura da 15ª Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15), na semana passada, muitos falavam esperançosos que a ocasião poderia ser o “momento Paris” para as negociações sobre diversidade biológica. Ou seja, seria um momento de união e cooperação no qual os países chegariam a um acordo global para proteger a natureza. Na prática, entretanto, a coisa está bem distante disso nas conversas de Montreal.

Passada uma semana desde sua abertura, a COP15 ainda não tem uma sinalização de resultado. Entre os negociadores, segundo o Guardian, começa a surgir um temor bastante sugestivo para quem conhece as negociações climáticas: ao invés de Paris, podemos ter um “momento Copenhague”. 

A alusão é clara: em 2009, Copenhague foi o palco do maior fracasso diplomático do multilateralismo (curiosamente, uma COP15), com divisões e desconfianças entre os países inviabilizando um novo acordo para combater a mudança do clima.

“Ainda dá tempo de dar a volta por cima. Mas não há urgência política por trás da crise da biodiversidade ou qualquer desejo de mudança transformadora”, lamentou o “negociador secreto” no Guardian. Ele criticou duramente a presidência chinesa da COP15, que não vem demonstrando a proatividade característica de quem deveria comandar as conversas. “Precisamos de liderança política dos ministros nos últimos dias. Alguém precisa construir vontade política suficiente para fazer um avanço”.

As divisões ganharam tom mais dramático ontem (14/12), depois de representantes de países em desenvolvimento abandonarem as discussões sobre financiamento, frustrados com a falta de avanço dos países ricos na oferta de recursos para a biodiversidade.

Um dos pontos de contenda é quem deve doar e quem deve receber esse dinheiro – e o Brasil está no centro dessa discussão.

Por um lado, as nações em desenvolvimento exigem que os governos desenvolvidos ofereçam mais financiamento. Por outro, os países ricos reclamam das nações emergentes, como China e Brasil, se manterem como receptoras dos recursos e não como doadoras potenciais. Ou seja, quase um “copia-cola” do que vimos na COP27 de Clima nas conversas sobre financiamento.

Bloomberg, Global News e Guardian repercutiram o walkout dos países em desenvolvimento das negociações sobre financiamento na COP15.

 

ClimaInfo, 15 de dezembro de 2022.

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