Ambientalistas pressionam pela troca do comando da COP28

Grupos ambientalistas seguem na bronca com o governo dos Emirados Árabes Unidos, futuros anfitriões da Conferência da ONU sobre o Clima deste ano (COP28). Na semana passada, centenas de entidades divulgaram uma carta condenando a indicação de um executivo do setor petroleiro para a presidência da Cúpula.

Endereçada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a carta afirma que a indicação do sultão Al Jaber, CEO da Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), para o comando da Conferência “ameaça a legitimidade e a eficácia da COP28”. O texto também critica a disposição do governo dos EAU de incluir a indústria dos combustíveis fósseis dentro das negociações climáticas, o que pode aumentar ainda mais a influência política do setor no debate.

“Não há nenhuma honra em nomear um executivo de combustíveis fósseis que lucra imensamente com o fomento da crise climática para supervisionar a resposta global à mudança climática”, assinalou o texto. “O fato de que tal indicação pudesse ser vista como algo legítima, em meio a uma crise climática cada vez mais intensa, (…) exemplifica como é insidioso o domínio dos Grandes Poluidores sobre a política climática”. A Associated Press destacou a declaração.

Ao mesmo tempo, congressistas do Partido Democrata dos EUA encaminharam uma carta ao enviado especial da Casa Branca para o clima, John Kerry, defendendo que o governo Biden se posicione contra a indicação de Al Jaber para o comando da COP28. Questionado sobre isso na semana retrasada no Fórum Econômico Mundial, Kerry defendeu a escolha como “fantástica”.

“A nomeação de um executivo de uma petroleira para chefiar a COP28 representa um risco para o processo de negociação e para toda a conferência em si”, diz a nota. “Ter um campeão dos combustíveis fósseis encarregado das negociações climáticas seria como ter o CEO de um conglomerado da indústria tabagista encarregado da política global do tabaco. [A indicação] corre o risco de minar a própria essência do que está se tentando obter [nas negociações]”. POLITICO e Reuters deram mais informações.

Em tempo 1: Países africanos estão se articulando para impedir que os EUA assumam a copresidência do Fundo Verde para o Clima (GCF) da ONU, responsável pelo financiamento internacional para projetos climáticos em todo o mundo. Segundo o Climate Home, a justificativa é que o governo norte-americano vem descumprindo seus compromissos financeiros, tendo contribuído com apenas US$ 1 bilhão desde 2010 e deixado de direcionar outros US$ 2 bi prometidos ainda no governo de Barack Obama.Em tempo 2: Por falar em COPs, a Folha lembrou que o Pará, onde fica a cidade de Belém, sede proposta pelo governo brasileiro para receber a COP30 em 2025, é o estado com maior índice histórico de desmatamento amazônico no Brasil. Desde 1988, foram perdidos ali quase 167 mil km2 de floresta, mais de ⅓ do total da vegetação amazônica perdida nesse período em todo o país.

ClimaInfo, 30 de janeiro de 2023.

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