Donas do ouro sujo: as empresas que concentram o comércio do metal garimpado ilegalmente no Brasil

Catarata garimpo ilegal
Reprodução / InfoAmazônia

O caminho do ouro extraído de forma ilegal no Brasil pode ser diverso, mas a maior parte desse metal passa praticamente pelas mesmas mãos no estágio de comercialização. Apenas cinco Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) concentram as operações de compra e venda de ouro no país, todas elas com algum tipo de suspeita de ilegalidade.

A Folha destacou dados de um levantamento de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que mostram que praticamente sete toneladas de ouro ilegal extraídas entre janeiro de 2021 e junho de 2022 foram “esquentadas” por essas empresas – FD’Gold, Ourominas, Parmetal, Carol4, e Fênix.

O caso mais emblemático é o da FD’Gold, propriedade do empresário e político Dirceu Santos Frederico, que também é presidente da Associação Nacional do Ouro (ANORO). Ele foi preso em setembro passado em São Paulo sob a acusação de envolvimento com o garimpo ilegal em Áreas Protegidas na Amazônia.

Além das distribuidoras, as empresas que oferecem serviços de logística ao garimpo também estão na mira de investigadores. Um dos inquéritos apontou para o envolvimento do empresário Rodrigo Martins de Melo, vulgo “Rodrigo Cataratas”, no transporte ilegal de garimpeiros dentro da Terra Yanomami. Ele também é suspeito de envolvimento em uma tentativa de atentado contra um helicóptero do IBAMA em Boa Vista.

De acordo com o InfoAmazonia, com base em informações do Ministério Público Federal, o grupo de Cataratas movimentou cerca de R$ 425 milhões nos últimos dois anos. Diversas aeronaves de sua propriedade foram apreendidas por agentes federais nos últimos anos, a maior parte em operações de combate ao desmatamento e ao garimpo na Amazônia.Essas informações deixam evidente que alguns poucos estão ganhando muito dinheiro com o trabalho dos garimpeiros e os abusos contra os indígenas em Roraima e em outros estados amazônicos que sofrem com esse problema. “Precisa ter uma investigação mais aprofundada para saber quem está lucrando tanto com esse abuso de exploração de trabalho, dessa mão de obra dos garimpeiros, como também das mortes dos Yanomami. É preciso que alguém, de fato, que tenha comando, seja penalizado”, observou a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, à Globonews.

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2023.

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