Subsídios aos combustíveis fósseis atingiram marca histórica em 2022, aponta IEA

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Parte importante da bonança financeira vivida pela indústria dos combustíveis fósseis em 2022 veio diretamente dos cofres governamentais, por meio de subsídios. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês), os países pagaram um valor recorde de subsídios para o Big Oil no ano passado, superando pela 1a vez a marca de US$ 1 trilhão.

Ao todo, os subsídios globais à energia fóssil somaram US$ 1,1 trilhão em 2022, o dobro do ano anterior. Em grande parte, esse aumento acentuado se deve aos esforços governamentais para aliviar a pressão causada pela alta dos preços do petróleo e do gás natural, pressão decorrente da guerra entre Rússia e Ucrânia e da disrupção do comércio internacional desses combustíveis.

Os subsídios ao petróleo aumentaram cerca de 85% em 2022, enquanto os subsídios ao consumo de gás natural e eletricidade mais que dobraram. Entre as medidas mais comuns, estão a fixação de preços para o consumidor final, financiada por meio de injeção de recursos pelo próprio governo, além de compensações fiscais para vendedores ou consumidores, especialmente de energia elétrica.

A IEA assinalou como o gasto crescente com subsídios fósseis contrasta com o compromisso assumido por diversos países na Conferência do Clima de Glasgow (COP26), em 2021, no qual prometeram eliminar gradualmente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, fornecer apoio direcionado aos mais pobres e vulneráveis.

“Nossa análise mostra que muitas dessas medidas governamentais não foram bem direcionadas e, embora possam ter protegido parcialmente os consumidores de custos exorbitantes, mantiveram artificialmente a competitividade dos combustíveis fósseis em relação às alternativas de baixa emissão [de carbono]”, escreveram Toru Muta e Musa Erdogan, analistas de energia da IEA.

É bom lembrar que as petroleiras lucraram horrores no último ano, com muitas atingindo recordes históricos de ganhos financeiros. Ou seja, estes subsídios estão elevando ainda mais os lucros da indústria petroleira, o que é um total contrassenso. Se o setor está tão bem, pra quê subsídios?

Bloomberg, Business Green, Euronews, Grist e Wall Street Journal, entre outros, repercutiram essa informação.

ClimaInfo, 23 de fevereiro de 2023.

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