Biden indica executivo com pegada verde para presidência do Banco Mundial 

Banco Central Ajay Banga
Carlo Allegri / Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou ontem (23) a indicação de Ajay Banga, um ex-executivo de instituições financeiras, para a presidência do Banco Mundial. Se aprovado, ele sucederá David Malpass, que antecipou sua saída do comando da entidade para o mês de junho, um ano antes de terminar seu mandato, acusado de negacionismo climático.

De origem indiana, Banga foi CEO da Mastercard por mais de uma década e hoje é vice-presidente da empresa de private equity General Atlantic, com foco em financiamento para o clima. Esse foi um dos pontos destacados por Biden no comunicado divulgado pela Casa Branca.

“Ajay Banga está preparado de forma única para liderar o Banco Mundial neste momento crítico da história”, defendeu Biden. “Ele também tem experiência crítica na mobilização de recursos público-privados para enfrentar os desafios mais urgentes de nosso tempo, incluindo a mudança do clima.”

O NY Times também abordou a experiência de Banga com a temática. Em 2020, sob sua gestão, a Mastercard lançou a Priceless Planet Coalition, um grupo de cerca de 100 empresas para articular e impulsionar investimentos corporativos alinhados aos princípios ESG. “Não importa quem você é ou o que faz, a mudança do clima afeta você. Mas tem o maior impacto negativo sobre aqueles que são social e economicamente mais vulneráveis”, disse Banga na época.

O próximo presidente do Banco Mundial terá como um de seus principais desafios o reposicionamento da instituição dentro do ecossistema internacional de financiamento climático. Governos, empresas e ativistas climáticos cobram que o banco seja mais ativo no apoio à transição verde, especialmente nas nações mais pobres e vulneráveis. Ao mesmo tempo, a instituição será cobrada a se distanciar de projetos de combustíveis fósseis. 

A falta de ação do Banco Mundial nessa agenda foi um dos fatores que resultou na saída antecipada de Malpass do cargo. Indicado pelo ex-presidente Donald Trump, um notório negacionista do clima, Malpass fez declarações vagas que, na prática, questionaram as evidências científicas em torno da mudança do clima.

AFP, Associated Press, BBC, Bloomberg, Financial Times, Reuters, Wall Street Journal e Washington Post, entre outros, repercutiram a notícia.

Em tempo: Ainda sobre o Banco Mundial, Climate Home e Reuters informaram que a Índia pretende aproveitar sua presidência do G20, a qual assumirá neste ano, para pressionar por reformas na principal instituição financeira multilateral do mundo. A ideia é apresentar uma proposta para aumentar a capacidade de empréstimo da instituição para financiamento climático em países de renda média e baixa.

ClimaInfo, 24 de fevereiro de 2023.

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