Na véspera de completar um ano desde a invasão à Ucrânia, as capitais europeias respiram ligeiramente mais aliviadas. Isso porque, depois de muita tensão, confusão, correria e montanhas e montanhas de euros gastos, o continente evitou uma crise energética neste inverno.
A queda de braço energética é efeito colateral direto da guerra na Ucrânia. Moscou vem cortando o fornecimento de gás natural aos países europeus como resposta às sanções da União Europeia contra o regime de Vladimir Putin. A expectativa dos russos era jogar a Europa em um caos energético e, assim, quebrar a unidade do bloco em defesa de Kiev.
Mas, como o site POLITICO assinalou, a UE “driblou” a Rússia ao garantir novas fontes e reservas de combustível ao longo do ano passado. A sorte também foi amiga: as temperaturas mais amenas deste inverno diminuíram a demanda por energia em relação à prevista inicialmente. Assim, os estoques de gás da UE devem fechar o período frio com mais de 50% cheios.
Como resultado da queda na demanda, o preço do gás natural na Europa atingiu na semana passada seu menor índice em 18 meses, sendo comercializado por 48,90 euros por MWh, patamar próximo daquele praticado antes da guerra. Para comparação, em agosto de 2022, o preço do gás estava em torno dos 300 euros por MWh. CNN e Financial Times repercutiram essa informação.
Além de buscar fontes de gás fora da Rússia, a UE também aproveitou o momento para impulsionar projetos de energias renováveis, o que ajudou a aliviar a pressão dos preços da energia no ano passado. Como David Wallace-Wells escreveu no NY Times, pela 1ª vez na história, a geração de energia por fontes eólica e solar foi maior do que a por gás natural e carvão no mercado europeu em 2022.
“A Europa não oferece exatamente um modelo universal, (…) mas [nos mostra] uma espécie de história de sucesso surpreendente – uma mudança de energia de resposta rápida que impôs custos significativos em casa e no exterior, mas ainda proporcionou uma aterrisagem muito mais suave do que parecia, não muito tempo atrás, como um precipício terrível.”
ClimaInfo, 24 de fevereiro de 2023.
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