Crise Yanomami: governo confirma a morte de 42 indígenas neste ano

Crise Yanomami mortes
Júnior Hekurari/Arquivo pessoal/Divulgação

Desnutrição grave, diarreia e pneumonia – doenças associadas à fome – foram as principais causas da morte de 42 indígenas da Terra Yanomami (RR) nos dois primeiros meses de 2023, de acordo com registros do Ministério da Saúde. O número pode subir para 48, já que outros seis casos estão sob investigação. As informações foram repassadas à Folha, em resposta a questionamentos após a declaração, em 20 de janeiro, do estado de emergência em Saúde Pública no território.

Somente nos dois últimos dias de fevereiro, duas crianças Yanomami morreram: um bebê de sete meses, de pneumonia, e uma criança, vítima de desnutrição e pneumonia. O g1 e o Estado de Minas repercutiram as mortes.

Já a Agência Pública traz a história de uma criança Yanomami, de três anos, internada há quatro meses em Boa Vista. O menino recebeu alta, mas precisa de cuidados especiais, e seus pais vivem, desde o ano passado, debaixo de um viaduto na capital de Roraima. A criança só poderia sair com garantia de um atendimento correto, a ser providenciado pelo DSEI (Distrito Sanitário Indígena) – que, por sua vez, ainda não tem as condições necessárias para o atendimento.

Dentro da Terra Yanomami, o cerco contra o garimpo continua. A Polícia Federal definiu que barcos com garimpeiros que saem do território podem navegar apenas entre 7h às 17h. Os controles das embarcações ocorrem nas regiões de Palimiú e Walo Pali, diz o g1. A Força Nacional de Segurança Pública foi acionada para garantir a segurança de agentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que irão concluir o Censo Demográfico 2022 na Terra Yanomami, noticia a Folha.

Enquanto isso, em Brasília, o relator da comissão no Senado que trata do tema, o senador Hiran Gonçalves (PP/RR), apresentou um plano de trabalho em que prevê audiências públicas com representantes do Povo Yanomami e garimpeiros – para que seja “plural”, segundo o relator, como descrito nos Metrópoles e g1. Pelo menos a (tenebrosa) possibilidade da senadora Damares Alves (Republicanos/DF) ser uma das integrantes da comissão foi afastada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), que definiu três novos integrantes do colegiado, dando um contorno governista à iniciativa, segundo o Poder 360.

Em tempo: O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a lei de Rondônia que proibia a destruição ou a inutilização de maquinários apreendidos em operações e fiscalizações de combate a crimes ambientais, informa o g1. O autor da lei, sancionada em janeiro de 2022 pelo governo estadual, é o deputado Alex Redano (Republicanos), que disse em sessão plenária ter atendido a pedidos de garimpeiros. Em fevereiro, o STF já havia declarado a inconstitucionalidade de lei similar promulgada pelo governo de Roraima. A destruição dos equipamentos é prevista na Lei de Crimes Ambientais, para evitar que sejam reutilizados em atividades ilegais, quando não é possível sua retirada do local em segurança.

ClimaInfo, 3 de março de 2023.

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