Estudo destaca efeitos do desmatamento na redução das chuvas em áreas tropicais

redução de chuvas
Felipe Werneck

Pesquisa em larga escala feita por pesquisadores da Universidade de Leeds, do Reino Unido, confirmou e quantificou, pela primeira vez, a relação direta entre o desmatamento em florestas tropicais e a redução de chuvas em escalas local e regional, informa o Observatório do Clima. Publicado pela revista Nature, o estudo analisou dados pluviométricos em áreas com perda de cobertura florestal na Amazônia, no Congo e no sudeste da Ásia entre 2003 e 2017. E mostrou o que deveria ser óbvio: quanto mais se desmata, mais se reduz as precipitações. O Metrópoles também tratou da pesquisa.

Os dados mostram que a perda florestal causou reduções robustas de chuvas em escalas superiores a 50 quilômetros do local desmatado. Os maiores declínios na precipitação ocorreram a 200 quilômetros – a maior escala avaliada pelos pesquisadores –, para a qual cada ponto percentual de perda de floresta reduziu a precipitação em 0,25 ± 0,1 mm por mês. E mudanças absolutas na precipitação como resultado da perda de floresta foram maiores na estação chuvosa.

A maior ameaça se dá na Bacia do Congo, informa a AFP. Os autores do estudo sugerem que as taxas projetadas de desmatamento podem levar a uma redução na precipitação local de cerca de 8% a 10% no Congo até 2100. O que pode gerar um ciclo vicioso: reduções nas chuvas levam a mais perda de floresta, aumento da vulnerabilidade ao fogo e diminuição do carbono.

As florestas tropicais influenciam os padrões de precipitação locais e regionais. A evapotranspiração é um forte impulsionador da precipitação regional, representando 41% da precipitação média da bacia na Amazônia e quase 50% no Congo, explica o MetSul.

Em tempo: O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses cumpriu as condições exigidas e pode se tornar Patrimônio Natural da Humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A confirmação da aprovação da candidatura foi dada pelo governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB). O próximo passo é a avaliação presencial do parque por uma comissão da UNESCO, o que ainda não tem data para ocorrer. O parque fica a cerca de 250 quilômetros da capital maranhense, São Luís. Criado há mais de 40 anos, é o maior campo de dunas da América do Sul, com uma área de 155 mil hectares –  maior que a cidade de São Paulo. O parque é gerido pelo ICMBio. Estadão e Valor repercutiram a informação.

ClimaInfo, 8 de março de 2023.

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