Reino Unido tenta meio termo em embate EUA vs. Europa sobre indústria verde

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europeangreens.eu

O tiroteio diplomático entre Estados Unidos e União Europeia em torno dos subsídios para a indústria verde atingiu em cheio o Reino Unido. De acordo com a Bloomberg, o governo britânico está negociando com Bruxelas e Washington para evitar que possíveis barreiras comerciais prejudiquem os interesses no desenvolvimento de sua indústria verde.

O Reino Unido está em uma posição curiosa. Recém-saído da União Europeia, os britânicos ainda discutem com os ex-sócios europeus o futuro de suas relações comerciais. Ao mesmo tempo, Londres também busca um acordo de livre comércio com os EUA, visto como uma maneira de superar a tragicomédia que marcou o Brexit até aqui.

Enquanto nenhuma alternativa se viabiliza, o Reino Unido quer garantir que eventuais políticas da UE ou dos EUA não prejudiquem as cadeias de suprimento britânicas, especialmente aquelas associadas à energia eólica offshore. “Se tivermos certeza de que teremos um mundo mais seguro e chegaremos ao net zero da forma mais barata possível, precisamos fazer isso de forma colaborativa e garantir que não haja barreiras comerciais impostas uns sobre os outros por produtos verdes”, afirmou o ministro britânico de energia e clima, Graham Stuart.

Outra preocupação é a posição estratégica dos britânicos na corrida global pela transição energética. Bloomberg, Guardian e Reuters destacaram o alerta feito pelo Comitê de Mudanças Climáticas do governo britânico de que o país está bem distante do necessário para viabilizar suas metas para energia renovável até 2035, principalmente por problemas de planejamento e políticas desatualizadas.

Do outro lado do Canal da Mancha, o ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, afirmou que o governo de Emmanuel Macron está estudando novos incentivos fiscais para estimular o investimento em economia verde no país, como resposta à Lei de Redução da Inflação (IRA) aprovada pelos EUA no ano passado. “Para se ter um setor industrial verde, ele precisa ser financiado, então precisamos de novos financiamentos, públicos e privados”, disse, citado pela Reuters.

Em tempo: A Bloomberg informou que a Comissão Europeia deve propor a extensão das medidas emergenciais para redução da demanda de gás natural até 2024 para garantir os estoques de combustível para o próximo inverno. A meta de redução do consumo em 15% termina formalmente neste mês, mas Bruxelas quer dar continuidade em face da continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e da instabilidade do mercado global de energia.

ClimaInfo, 10 de março de 2023.

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