Japão prepara descarte de água da usina nuclear de Fukushima no mar

13 de março de 2023

Doze anos após um dos maiores acidentes nucleares da história, na usina de Fukushima, no Japão, o governo do país e a operadora Tokyo Electric Power (TEPCO), responsável pela operação, estão prestes a iniciar o descarte no mar de parte da água usada no resfriamento da planta termonuclear. De acordo com o Nikkei Asia, os planos estão avançando rapidamente, apesar dos protestos de pescadores e comunidades locais.

Desde que um terremoto, seguido de uma tsunâmi, em 11 de março de 2011, derrubaram os sistemas de resfriamento dos reatores de Fukushima, a TEPCO bombeia água nos detritos de combustível para evitar o superaquecimento, gerando cerca de 100 toneladas de águas residuais por dia.

O complexo de Fukushima abriga atualmente cerca de 1.060 tanques contendo água tratada. Na praia próxima à usina, um novo tanque, de 37 metros de largura e 7 metros de altura, estava em construção no início de fevereiro. A água residual armazenada é suficiente para encher 500 piscinas olímpicas. E a construção de um túnel submarino para liberar a água tratada da instalação está cerca de 80% concluída.

Enquanto o governo japonês e a TEPCO dizem que a operação é segura, pescadores da região se desesperam. “Já se passaram 12 anos e os preços do peixe estão subindo, finalmente esperamos realmente começar a trabalhar. Agora eles estão falando em liberar a água e vamos ter que voltar à estaca zero novamente. É insuportável”, disse Ono, pescador de 71, à Reuters.

À AP, a TEPCO disse que a radioatividade pode ser reduzida a níveis seguros e que vai garantir que a água a ser descartada seja tratada até atingir o limite legal. Contudo, o trítio, um elemento radioativo, não pode ser removido pelo sistema de filtragem usado pela empresa. A TEPCO garante que os níveis do elemento presentes no líquido a ser descartado são inofensivos. Mas ainda há muitas dúvidas sobre a possibilidade de contaminação do Oceano Pacífico.

Em artigo no The Conversation, especialistas da Universidade Nacional da Austrália, da Universidade de Sydney e da Universidade de Curtin refutam esse risco. Segundo eles, “a descarga anual de trítio em usinas nucleares próximas excede em muito o que é proposto para Fukushima”. Alegam também que “o Pacífico sempre conteve radioatividade, especialmente do potássio. A radioatividade extra a ser adicionada da água de Fukushima não causará o mais mínimo dano”.

Já para o professor Rubens Cesar Lopes Figueira, do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP), é preciso discutir os perigos desse descarte, já que o Oceano Pacífico banha dezenas de países. “É óbvio que vai atingir outros países, atingir a pesca, vai ter um problema ambiental”, disse ele, ao Jornal da USP.

Em tempo: O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês), Rafael Grossi, pediu que a entidade se comprometa de fato em garantir a segurança operacional da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia – a maior planta termonuclear da Europa. Segundo a BBC, o alerta foi dado após um novo ataque russo, que deixou a usina sem energia. Foi a sexta vez em que isso ocorreu, segundo o diretor da agência. “Estou surpreso com a complacência. O que estamos fazendo para evitar que isso aconteça? Nós somos a IAEA, devemos nos preocupar com a segurança nuclear.”

ClimaInfo, 14 de março de 2023.

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