Gás natural puxa produção recorde de energéticos fósseis no Brasil

Brasil gás natural
Divulgação

A produção brasileira de petróleo e gás natural bateu novo recorde em fevereiro, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No mês passado, foram produzidos diariamente 4,183 milhões de barris de óleo equivalente (medida que considera a soma dos volumes de petróleo e gás), em média. Em percentuais, o aumento da produção foi de 0,19% sobre o resultado de janeiro, e de 11,4% na comparação anual.

Dessa vez, o crescimento foi puxado por uma maior extração de gás natural, destaca a Reuters. Foram produzidos, em média, 146,54 milhões de m3 por dia do combustível fóssil no mês passado. O volume representa um aumento de 2,3% ante janeiro e de cerca de 10% na comparação com fevereiro de 2022.

Já a produção nacional de petróleo caiu ligeiramente no mês passado em relação a janeiro – menos 0,39% –, com uma média de 3,261 milhões de barris diários. Na comparação anual, porém, o volume de petróleo produzido no país deu um salto de 11,8%.

CNN, InfoMoney e Investing.com também noticiaram o recorde.

Na semana passada, o governo federal anunciou o programa Gás para Empregar, que pretende aumentar a oferta desse energético fóssil para a indústria, em especial a de fertilizantes. Entre as medidas previstas está a mudança do objeto social da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), para que a estatal possa trocar o petróleo da União – que hoje comercializa – pelo gás natural que hoje é reinjetado em poços ou produzido por outras petroleiras que não a Petrobras.

Segundo Maria Cristina Fernandes, do Valor, sobre a PPSA recairiam os custos de “construção, operação e manutenção das estruturas de escoamento de processamento do gás”. Fontes do setor ouvidas pela jornalista estimam que a conta possa variar entre R$ 80 bilhões e R$ 120 bilhões.

Parece ser uma reedição do “Brasduto”, projeto do governo passado que tentou jogar nas costas da União – ou melhor, da população brasileira – a conta da expansão da malha de gasodutos do país. Afinal, a PPSA já tinha aparecido como fonte de financiamento desses dutos no projeto de lei 414, de 2021, relatado pelo deputado e ex-ministro das Minas e Energia Fernando Coelho Filho (União-PE). A proposta, porém, não foi aprovada.

O financiamento da PPSA foi uma tentativa feita após a rejeição, na lei da privatização da Eletrobras, de uma emenda que previa a oneração das contas de luz para construir gasodutos. Os parlamentares avaliaram que os consumidores já iam pagar demais pela contratação obrigatória de 8 mil megawatts de termelétricas em regiões onde não há oferta de gás natural.

Em tempo: O presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, disse que o órgão pode exigir a realização de uma avaliação ambiental estratégica para o pedido de licenciamento de atividades petrolíferas na Foz do Amazonas. A Petrobras tenta iniciar uma campanha de perfuração de poços na região, de alta sensibilidade ambiental, segundo especialistas. Se a exigência de Agostinho for adiante, pode levar à suspensão do processo de licenciamento da petroleira na área.“Eu não posso antecipar uma decisão, mas uma Avaliação Ambiental Integrada, [ou] uma Avaliação Ambiental Estratégica, é, sim, uma possibilidade. A gente não está falando apenas de um poço de petróleo, estamos falando de abrir uma região inteira do Brasil para a exploração petrolífera. Obviamente que a Avaliação Ambiental Estratégica é uma possibilidade real e está em análise neste exato momento”, disse Agostinho, em entrevista ao Sumaúma, repercutida pela epbr.

ClimaInfo, 23 de março de 2023.

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