Países querem definição de prazo para fim do consumo de energia fóssil 

energia fóssil
Peter Bennet/Greenpeace)

A agenda de negociação até a Conferência do Clima de Dubai (COP28) não escapará de um dos temas mais espinhosos das discussões recentes sobre a resposta internacional à crise climática – a definição de um prazo para o fim do consumo de combustíveis fósseis.

O presidente da COP27 e atual chefe das negociações climáticas da ONU, o egípcio Sameh Shoukry, reconheceu que a pressão de alguns governos deve forçar algum tipo de discussão sobre o assunto nos próximos meses. Segundo ele, houve um “reconhecimento geral da importância de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e ser capaz de fazer a transição para a energia renovável e limpa”.

Como o Climate Home explicou, a definição de um prazo para o fim da queima de combustíveis fósseis foi um dos pontos problemáticos nas negociações na COP27, em Sharm el-Sheikh. Uma aliança de mais de 80 países atuou para que a declaração da Conferência pedisse a eliminação gradual da energia suja, em linha com o que foi acordado sobre o carvão pelos negociadores na COP26, em Glasgow. No entanto, o texto final não apenas rejeitou essa proposição como também recuou no compromisso de phase-out carvoeiro.

Além da União Europeia, a demanda pela eliminação gradual dos combustíveis fósseis também vem sendo vocalizada por pequenos países insulares vulneráveis à crise climática. Na semana passada, seis nações da região do Pacífico fizeram um apelo conjunto à comunidade internacional em prol de um tratado de não proliferação de combustíveis fósseis.

“Precisamos de ação doméstica e cooperação internacional para interromper explicitamente a expansão das emissões e a produção de combustíveis fósseis, a fim de cumprir os objetivos do Acordo de Paris”, afirmou o premiê de Vanuatu, Alatoi Ishmael Kalsakau, citado pelo Guardian.

O relatório síntese do 6º ciclo de avaliação do IPCC, lançado nesta semana, também reforçou essa demanda. Em artigo publicado no Guardian, os ministros Ralph Regenvanu (Vanuatu) e Seve Paeniu (Tuvalu), ressaltaram que as conclusões do IPCC tornaram ainda mais urgente o fim da dependência global dos combustíveis fósseis.

“Os países não podem continuar a justificar novos projetos de combustíveis fósseis com base no desenvolvimento ou na crise energética. É essa dependência que deixou nossa infraestrutura vulnerável a conflitos e impactos climáticos devastadores, deixou bilhões de pessoas sem acesso à energia e atrasou o investimento em sistemas de energia limpa”, assinalaram. “A transição para a energia renovável é crucial para mitigar os impactos da mudança do clima e garantir um futuro sustentável”.

ClimaInfo, 23 de março de 2023.

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