União Europeia cede à pressão alemã e mexe em proibição a novos carros movidos por combustão

União Europeia motores a combustão
Maja Hitij/Getty Images

Mais uma vez, os interesses econômicos de curto prazo se sobrepõem às medidas necessárias para acelerar a eletrificação da frota de veículos e a consequente redução das emissões de gases de efeito estufa. Na queda-de-braço entre a Comissão Europeia e o governo da Alemanha, a maior economia da União Europeia levou a melhor. Depois de semanas de apreensão, Bruxelas e Berlim anunciaram, neste sábado (25/3), um acordo para flexibilizar a proibição da venda de novos carros com motores de combustão interna a partir de 2035, livrando os modelos que operam a partir de combustíveis sintéticos neutros em CO2, também chamados de e-combustíveis.

Pelo acordo, veículos com motores de combustão que operam exclusivamente com e-combustíveis continuarão sendo vendidos no mercado europeu depois de 2035. Originalmente, a proposta aprovada pela Comissão Europeia previa apenas a venda de novos veículos elétricos na UE a partir desse prazo. A medida é vista pelo bloco como fundamental para viabilizar seu objetivo de neutralidade climática até 2050.

A flexibilização da proposta da UE foi bastante criticada por ambientalistas. Além da incerteza sobre as regras acerca dos e-combustíveis, especialmente no que diz respeito à captura e ao armazenamento de carbono, eles apontam que a medida pode atrasar a adoção dos carros elétricos pelos consumidores europeus.

De fato, um estudo da organização Transport & Environment (T&E) mostrou que a proposta apresentada pelo governo da Alemanha para isentar os veículos de combustão por e-combustíveis das restrições de mercado na União Europeia pode resultar em uma diminuição das vendas de carros elétricos de até 46 milhões de unidades, além da queima de 135 bilhões de litros a mais de gasolina fóssil do que o necessário. A notícia é do GuardianAFP, Associated Press, Bloomberg, Deutsche Welle, Financial Times, Le Monde, NY Times, POLITICO, Reuters e Wall Street Journal repercutiram o acordo entre UE e Alemanha.

ClimaInfo, 27 de março de 2023.

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