Transição energética precisa de US$ 35 trilhões até 2030 para limitar o aquecimento do planeta

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IRENA

Os investimentos anuais que o mundo faz em tecnologias de transição energética precisam mais do que quadruplicar para ficar em linha com os compromissos de redução de emissão de gases estufa assumidos no Acordo de Paris. É o que mostra o relatório “World Energy Transitions Outlook 2023: 1.5°C Pathway”, da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês), lançado nessa terça-feira (29/3).

No ano passado, os investimentos no setor bateram recorde, atingindo US$ 1,3 trilhão. Contudo, esse valor deve subir para cerca de US$ 5 trilhões anuais, a fim de limitar o aumento da temperatura a 1,5oC acima dos níveis pré-industriais. Isso significa uma aplicação total de US$ 35 trilhões até 2030 para garantir a meta.

A IRENA mostra que cerca de 41% do investimento planejado em energia até 2050 ainda está direcionado aos combustíveis fósseis, e a associação diz que cerca de US$ 1 trilhão dos recursos deveria ser redirecionado até 2030 para tecnologias de transição e infraestrutura.

Não se pode negar que houve avanços. Hoje, as fontes renováveis já ​​representam 40% de toda a geração elétrica instalada no mundo. No ano passado, responderam por 83% das adições globais de capacidade de produção elétrica – um percentual inédito quando se trata de energia renovável.

Entretanto, a IRENA alerta que as crises globais, como a guerra da Ucrânia e seus efeitos sobre o segmento de energia, têm feito a transição energética “sair dos trilhos”. Para cumprir os 1,5°C, os níveis de implantação devem crescer de cerca de 3 mil gigawatts (GW) hoje para mais de 10 mil GW em 2030. Isso representa uma média de 1.000 GW renováveis implantados anualmente.

Além disso, a instalação de projetos renováveis tem se limitado a certas regiões. China, União Europeia e Estados Unidos foram responsáveis ​​por dois terços de todas as adições no ano passado. Assim, as nações em desenvolvimento ficaram ainda mais para trás na transição energética.

Reuters, AP, CNBC, Offshore Energy e Forbes noticiaram o relatório.

Em tempo 1: O relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), lançado na segunda-feira (27/3), projeta recorde de instalações de usinas onshore e offshore até 2025, com 680 GW de nova capacidade prevista para 2027. Entretanto, o documento destaca a urgência de aumentar o investimento na cadeia de suprimentos em todo o mundo, sob risco de faltar equipamentos para garantir essa projeção. O mapeamento mostra que tanto os Estados Unidos quanto a Europa provavelmente sofrerão com gargalos no fornecimento de turbinas e componentes já em 2025, como resultado da corrida verde das duas economias, informa a epbr.

Em tempo 2: No Nordeste, há cerca de 20 GW instalados em centrais eólicas onshore, e mais 63 GW outorgados para centrais eólicas e solares – além de 44 GW estimados em eólicas offshore. Se por um lado elas ajudam a diversificar a matriz elétrica nacional com fontes renováveis, por outro a rápida expansão tem provocado conflitos com comunidades rurais e tradicionais na região, como aponta o Plano Nordeste Potência, pela ausência de salvaguardas adequadas para a realidade territorial. Na Paraíba, o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e a Defensoria Pública do Estado investigam denúncias de violações de direitos de populações indígenas, quilombolas e assentadas. Uma série de problemas já foram identificados pela Defensoria Pública da União: abusos contratuais no caso de arrendamentos de terras; danos ambientais; danos à saúde das pessoas; dano ao patrimônio histórico e arquitetônico; e poucos impactos sociais positivos e muitos negativos.

ClimaInfo, 29 de março de 2023.

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