A resseguradora Munich Re anunciou na última 6a feira (31/3) sua saída da Net-Zero Insurance Alliance (NZIA), um grupo criado pelo braço financeiro do Programa da ONU sobre Meio Ambiente (PNUMA) para engajar o setor global de seguros na agenda da descarbonização.
A empresa alemã, a maior do mundo no setor, era uma das fundadoras da NZIA, lançada no final de 2021. A principal razão para a saída, curiosamente, não está na aliança, mas sim fora dela. De acordo com o Climate Home, um dos temores da Munich Re era ser alvo de um processo antitruste por causa de seu envolvimento com a NZIA nos Estados Unidos.
O temor é justificado: nos últimos meses, governos republicanos nos Estados Unidos têm se movimentado para mirar empresas, gestores de ativos e seguradoras que seguem critérios ESG em suas decisões de investimento e prestação de serviço. Para eles, essas regras discriminariam o setor de combustíveis fósseis, o que representaria uma distorção em relação aos interesses de seus acionistas.
“Em nossa opinião, as oportunidades de busca das metas de descarbonização em uma abordagem coletiva entre seguradoras em todo o mundo sem nos expor a riscos antitruste materiais são tão limitadas que é mais eficaz perseguir nossa ambição climática de reduzir o aquecimento global individualmente”, justificou Joachim Wennin, CEO da Munich Re.
Essa não é a primeira baixa importante em uma iniciativa internacional de net-zero. Em dezembro passado, a gestora de ativos Vanguard se retirou da Aliança Financeira de Glasgow para o Net-Zero (GFANZ), também em decorrência da pressão política de republicanos nos EUA contra os critérios ESG no mercado financeiro.
Bloomberg e Reuters também repercutiram a saída da Munich Re da NZIA.
ClimaInfo, 4 de abril de 2023.
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