Prevenção ao fogo em Terras Indígenas pode evitar milhões de casos de doenças cardiorrespiratórias

prevenção fogo Terras Indígenas
Getty

Preservar as áreas ocupadas por Povos Indígenas na Amazônia poderia evitar nada menos que 15 milhões de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares por ano no Brasil. Com isso, as diferentes esferas de governo (federal, estaduais e municipais) deixariam de desembolsar anualmente US$ 2 bilhões – cerca de R$ 10 bilhões – no tratamento desses males. É o que aponta um estudo publicado na Communications, Earth & Environment.

Segundo os pesquisadores, a Amazônia pode absorver 26 mil toneladas de poluentes gerados pelas queimadas todos os anos. Desse total absorvível, 27% vêm das Terras Indígenas – apesar de elas ocuparem apenas 22% da área de floresta, ressalta a BBC.

As doenças respiratórias e cardiovasculares evitáveis com a preservação estão relacionadas ao material particulado fino ou inalável – poluente conhecido pela sigla PM 2.5, de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que têm diâmetro inferior a 2,5 micrômetros. Esses compostos são liberados com queimadas para a abertura de pastos para a pecuária e campos para agricultura na região.

A pesquisa mostrou ainda que esse efeito protetor das áreas florestais é abrangente. Isso significa que Terras Indígenas bem preservadas localizadas mais ao norte conseguem absorver a poluição gerada a quilômetros de distância no arco do desmatamento, que se concentra no sul e no sudeste amazônicos, destaca o g1.

A emissão de poluentes finos é uma questão que preocupa cada vez mais os amazônidas de centros urbanos como Porto Velho (RO) e Manaus (AM). Afinal, cada hectare de floresta queimada custa em torno de US$ 2 milhões às cidades amazônicas no tratamento de doenças relacionadas às emissões, explica o Metrópoles. Logo, a proteção contra o fogo proporcionada pelos indígenas não beneficia apenas eles próprios, mas toda a região, reforça o Um só planeta.

Para o líder indígena e coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Dinamam Tuxá, os alertas que esses povos fazem há anos, enfim, passaram a ser mensurados pela própria ciência ocidental, destaca o Amazônia Real: “Os Povos Indígenas já vêm alertando, já vem contribuindo, inclusive, já vem sinalizando para o campo científico e para toda a comunidade internacional a importância dos territórios indígenas e as contribuições desses territórios”, disse.

O estudo reuniu especialistas da ONG EcoHealth Alliance, das Universidades Clark e George Mason, dos Estados Unidos, da Universidade Autônoma do México e da USP. Eles compilaram estatísticas dos últimos dez anos sobre desmatamento, queimadas, emissão de poluentes e notificações de doenças na Amazônia Legal brasileira. A partir do cruzamento desses dados e da aplicação de métodos estatísticos complexos, conseguiram fazer os cálculos apresentados na pesquisa.

ClimaInfo, 10 de abril de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.