As tecnologias de captura e armazenamento de carbono da atmosfera (CCS, da sigla em inglês) figuram na categoria de “soluções mágicas” defendidas por alguns setores (especialmente a indústria fóssil e seus aliados) para o enfrentamento da crise climática. Para eles, a concentração de CO2 na atmosfera já é tamanha que não basta apenas reduzir as emissões – é necessário retirar o carbono dela.
Um dos obstáculos mais significativos para essa tecnologia no mundo real está na dificuldade de dar escala, de implementá-la na dimensão necessária para que ela faça alguma diferença. Para impulsioná-la, o governo dos Estados Unidos anunciou cerca de US$ 3,5 bilhões em subsídios para a construção de fábricas que irão capturar e armazenar o carbono, como destacou a Reuters.
Pela proposta da Casa Branca, os recursos beneficiarão quatro hubs de CCS. Na primeira chamada, pelo menos nove projetos foram apresentados, com dois de grande porte da Occidental Petroleum despontando como fortes candidatos. Essa informação reforça outro aspecto problemático das CCS: a indústria de combustíveis fósseis é uma das principais entusiastas e interessadas nessa tecnologia, por razões óbvias – retirar o carbono do ar permitiria manter a queima de combustíveis fósseis.
A lógica pode fazer sentido na matemática financeira da indústria petroleira, mas ignora a realidade. Com ou sem CCS, os combustíveis fósseis jamais serão renováveis e os estoques são finitos. Sem falar, claro, em questões de segurança energética, que ganharam destaque no último ano depois da escalada dos preços causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em tempo: Ainda sobre os EUA, o governo Biden formalizou na semana passada os critérios para aplicação do subsídio para a compra de veículos elétricos pelos consumidores. No entanto, a lista de modelos que poderão se beneficiar com o crédito de US$ 7,5 mil é limitada, já que poucos são 100% montados no mercado norte-americano. Como a Bloomberg assinalou, a ideia da Casa Branca é pressionar as montadoras a intensificar sua produção nacional, de forma a acessar os benefícios da Lei de Redução da Inflação (IRA). NY Times e Washington Post também abordaram essa informação.
ClimaInfo, 19 de abril de 2023.
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