China aumenta eletricidade a carvão, apesar dos compromissos de reduzir emissões

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Unsplash/AP

Nos três primeiros meses deste ano, governos locais da China aprovaram a implantação de pelo menos 20,45 gigawatts (GW) de capacidade em energia a carvão mineral. É mais do que o país aprovou em todo o ano de 2021 (18 GW), destaca o Guardian. O ritmo frenético dessa expansão mostra que a segurança energética ainda supera as preocupações climáticas chinesas, avaliou o Greenpeace.

Um plano quinquenal do Partido Comunista Chinês (PCC) de 2016 colocou uma forte ênfase na redução do uso de carvão e no desenvolvimento de fontes de energia limpa. Em 2020, o presidente Xi Jinping prometeu que a China se tornaria neutra em carbono até 2060. Contudo, autoridades das províncias chinesas aceleraram rapidamente as aprovações de novos projetos de energia a carvão desde que uma onda de apagões em setembro de 2021 afetou a economia do país.

Uma seca severa no ano passado também fez com que os volumes de energia hidrelétrica diminuíssem. Com isso, as autoridades locais se tornaram ainda mais cautelosas quanto à dependência de fontes renováveis ​​de energia, destaca a Reuters. Porém, analistas dizem que a China já tem um excesso de capacidade de energia a carvão. Além disso, defendem que os riscos de falta de energia devem ser resolvidos com mais investimentos na rede e reformas no sistema de preços.

“A rede elétrica da China não carece de capacidade de geração. A grade carece de flexibilidade e capacidade de resposta adequadas. Esses problemas continuarão a inibir a transferência e o armazenamento de eletricidade até que os enfrentemos de frente”, disse o ativista do clima e energia do Greenpeace, Xie Wenwen.

A China aprovou mais de 90 GW de nova capacidade a carvão em 2022, estimou a ONG, após revisar documentos oficiais e avaliações de impacto ambiental. As novas aprovações, porém, poderiam ter passado de 100 GW.

Como a China também registra quantidades recordes de energia renovável sendo conectadas à rede, as novas usinas a carvão são projetadas como backup durante os períodos de pico de demanda. Isso significa que a utilização da capacidade continuará caindo e as emissões de gases de efeito estufa não necessariamente vão aumentar, disse William Chia, pesquisador da S&P Global Commodity Insights.A expansão da energia a carvão na China também foi destaque de Bloomberg, Al Jazeera, Asia Financial e Republic World.

ClimaInfo, 25 de abril de 2023.

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