Estudo: crise climática potencializou seca histórica no Chifre da África

Chifre da África seca histórica
Ismail Taxta, ICRC

A seca histórica que atinge a porção oriental da África desde o final de 2020 foi potencializada pela mudança do clima causado pela ação humana, a tal ponto que se tornou 100% mais provável do que seria em um cenário sem o aquecimento global. A conclusão é do grupo de cientistas do World Weather Attribution (WWA), que faz análises científicas sobre a correlação entre eventos climáticos extremos específicos e a crise climática.

A região do Chifre da África, que abrange partes do sul da Etiópia, Somália e o leste do Quênia, registrou chuvas abaixo da média para as temporadas chuvosas (março a maio) e secas (outubro a dezembro) desde 2020. Com isso, cerca de 50 milhões de pessoas foram empurradas para a insegurança hídrica, com 20 milhões delas sob o risco de insegurança alimentar aguda e potencialmente de fome.

De acordo com a análise, a falta de chuvas e as temperaturas médias mais altas tornaram o solo e as pastagens da região ainda mais secos do que o normal. Em uma estimativa conservadora, a mudança climática tornou secas como a atual cem vezes mais provável de acontecer.

“Como resultado da mudança climática induzida pelo homem, a combinação de baixa pluviosidade e alta evapotranspiração tão incomum como as condições recentes não teria levado à seca em um mundo 1,2oC mais frio”, destacou a análise. “No clima de hoje, o mesmo evento é agora classificado como uma seca excepcional, com grandes perdas de colheitas e pastagens e escassez generalizada de água”.

“Este estudo mostra fortemente que a seca é muito mais do que apenas a falta de chuva e que os impactos das mudanças climáticas dependem fortemente de quão vulneráveis somos”, observou a cientista Friederike Otto, professora do Imperial College London e uma das autoras do estudo, ao Guardian.A análise do WWA teve ampla repercussão na imprensa, com destaques na AFP, Bloomberg, Carbon Brief, CNN, Financial Times, Independent, NY Times, Reuters, Scientific American e Um Só Planeta, entre outros.

ClimaInfo, 28 de abril de 2023.

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