Faltando pouco menos de seis meses para a Conferência do Clima de Dubai, o presidente designado da COP28, Sultan Al-Jaber, apresentou nesta 3ª feira (2/5) um “mapa do caminho” para que os países desenvolvidos finalmente cumpram com seu compromisso de destinar ao menos US$ 100 bilhões anuais para o financiamento da ação climática no mundo em desenvolvimento.
“Devemos intensificar o financiamento climático, tornando-o mais disponível e acessível para impulsionar a entrega em todos os pilares climáticos”, disse Al-Jaber em discurso no Diálogo Climático de Petersberg, na Alemanha. “Os setores público, multilateral e privado devem ser mobilizados de maneiras novas e inovadoras na questão crítica do financiamento climático”.
Como o Financial Times assinalou, a fala de Al-Jaber foi bem recebida pela primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que vem liderando as discussões internacionais recentes sobre financiamento climático. Em discurso, a líder da nação insular caribenha defendeu a postura do presidente designado da COP28 nessa agenda e disse que a construção de consenso é fundamental para que a Conferência de Dubai seja um “ponto de virada” neste tema.
A anfitriã do encontro de Petersberg, a ministra alemã do exterior Annalena Baerbock, afirmou que os esforços recentes das nações desenvolvidas para o financiamento climático podem finalmente viabilizar o cumprimento da meta dos US$ 100 bi anuais em 2023, com três anos de atraso em relação à promessa original.
Al-Jaber também aproveitou o discurso na Alemanha para reprisar seus argumentos em defesa da eliminação gradual da queima de combustíveis fósseis. Para ele, o mundo deve se concentrar em uma “transição energética pragmática, justa e bem gerenciada” e que os países precisam focar na criação da cadeia de valor do hidrogênio verde e na viabilidade comercial de tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
Esta é uma questão delicada para o futuro chefe da COP28, que também preside uma das maiores petroleiras estatais do mundo, a ADNOC dos Emirados Árabes Unidos. Para ativistas climáticos, em linha com o que a ciência vem assinalando, a economia global precisa se distanciar o quanto antes da energia suja do petróleo, carvão e gás fóssil para evitar um aquecimento médio ainda maior – o que, obviamente, vai contra os interesses das petroleiras.
Associated Press, Bloomberg, Climate Home, Guardian e Reuters, entre outros, repercutiram a fala de Al-Jaber no Diálogo Climático de Petersberg.
ClimaInfo, 3 de maio de 2023.
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