ESG perde fôlego nos EUA depois de ofensiva negacionista de republicanos

EUA ESG
Demetrius Freeman/The Washington Post

A mobilização de políticos e representantes do Partido Republicanos nos Estados Unidos atingiu em cheio os investimentos ESG no país. Segundo o Financial Times, os fundos comercializados com um rótulo sustentável registraram saídas líquidas de US$ 12,4 bilhões nos últimos 12 meses. Para comparação, no mesmo período, os fundos verdes na Europa tiveram entradas superiores a US$ 126 bilhões.

Isso mostra que a politização do tema ESG pela oposição republicana, capitaneada pelos setores negacionistas da crise climática dentro do partido, está causando prejuízos significativos a fundos e gestores de ativos comprometidos com critérios de sustentabilidade ambiental, social e de governança no maior mercado financeiro do planeta.

“A absoluta politização do ESG nos EUA é um grande impulsionador [das saídas de capital]”, comentou o analista Luke Sussams, do banco de investimentos Jefferies. “Mesmo defensores ferrenhos das finanças sustentáveis estão pensando que o termo está quase inutilizável. A tendência mais ampla é que o capital está diminuindo para os produtos ESG nos EUA, o que é muito diferente da tendência que estamos vendo na Europa”.

Nos últimos meses, governos de estados controlados pelos republicanos nos EUA, como Flórida e Texas, intensificaram o tiroteio contra o ESG, acusando-o de discriminar empresas de combustíveis fósseis e atentar contra os interesses de investidores e acionistas. Essa ofensiva é parte de uma estratégia maior dos republicanos de combater o que eles chamam de woke culture, um termo bicho-papão promovido pela direita para atacar agendas de inclusão social, combate à pobreza e ação climática.

Ainda nos Estados Unidos, o Washington Post destacou as dificuldades enfrentadas pelo governo do presidente Joe Biden para forçar as empresas a divulgarem mais informações sobre seus riscos climáticos e suas emissões de gases de efeito estufa.

A divulgação climática é defendida por especialistas e pela Casa Branca como um caminho para que as empresas tenham mais clareza sobre suas vulnerabilidades à mudança do clima, informando também seus investidores. No entanto, diversos setores econômicos seguem refutando a proposta, alegando que as regras de divulgação seriam muito caras, complicadas e abrangentes.

ClimaInfo, 5 de maio de 2023.

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