Jatinhos: conforto e luxo para os ricos, inconveniência climática para o resto

jatinhos emissões
Montagem: Ross D. Franklin - AP / Gilbert Carrasquillo - Getty

A indústria da aviação civil pode estar ainda sofrendo com os efeitos da pandemia e da alta dos preços dos combustíveis, mas um setor em particular está com sorriso de orelha a orelha: o da aviação executiva. De acordo com uma análise, as vendas de jatos particulares devem ter seu melhor ano da história em 2023, para a alegria das empresas e o conforto luxuoso dos endinheirados.

Todo o luxo dos jatinhos no ar contrasta com o impacto dessas viagens sobre o clima global. Só os passeios de jato do bilionário e aprendiz de CEO de rede social Elon Musk emitiram o equivalente a 132 vezes mais carbono do que o consumidor norte-americano médio em 2022, segundo um relatório do Institute for Policy Studies e do grupo Patriotic Millionaires. 

A análise estimou que houve mais de 5,3 milhões de voos privados em todo o mundo em 2022. O ano passado foi a primeira vez que a aviação executiva superou seu pico anterior, em 2007, antes da crise econômica do ano seguinte. Para 2023, a estimativa é de que as vendas de jatos particulares movimentem US$ 34,6 bilhões, acima dos US$ 34,1 bi registrados no último ano. 

Embora as viagens de jato particular representem apenas 4% do mercado global de aviação, elas produzem cerca de 10 vezes mais gases de efeito estufa por passageiro do que a média de todos os viajantes aéreos. Para piorar, ao menos nos EUA, os ricaços também são beneficiados por subsídios: mesmo representando 17% dos voos movimentados no mercado norte-americano, a aviação privada contribuiu com apenas 2% da arrecadação da Federal Aviation Administration, que opera o controle do tráfego aéreo nos EUA.

“As viagens em jato particulares de bilionários e ultrarricos impõem um custo tremendo para o resto de nós. Não apenas os viajantes comuns e os contribuintes subsidiam o espaço aéreo para jatos particulares, mas também os passageiros de luxo contribuem consideravelmente com mais poluição do que os outros passageiros”, destacou ao Guardian Chuck Collins, coautor do relatório e diretor do Institute for Policy Studies. “Se não podemos proibir os jatos particulares, devemos pelo menos tributá-los e exigir que paguem para compensar seus danos ambientais e subsídios”.

Business Insider, CBS News, Fortune e Gizmodo também abordaram a análise.

ClimaInfo, 9 de maio de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.