No ano passado, mais de 71 milhões de pessoas em todo o planeta foram obrigadas a deixar suas casas e se deslocar dentro de seus países por causa de eventos climáticos e conflitos. O número, que equivale às populações das regiões Nordeste e Centro-Oeste juntas, é recorde, aponta um relatório do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês) do Conselho Norueguês de Refugiados. Em 2021, o total de deslocados foi de 59,1 milhões, lembra o IDMC.
Também foi inédita o número de deslocamentos feitos pelas pessoas, muitas vezes repetidas, em busca de segurança e abrigo: 60,9 milhões. Um aumento de 60% em relação ao ano anterior, destaca o Guardian. Ucrânia e Paquistão lideraram esses movimentos, por causa da guerra com a Rússia e inundações, respectivamente.
A maior parte dos deslocamentos no ano passado – 32,6 milhões – se deu por causa de desastres climáticos como inundações, secas e deslizamentos de terra, detalha a Reuters. Já os conflitos e a violência desencadearam 28,3 milhões de deslocamentos internos em todo o mundo – número três vezes maior que a média anual da última década, segundo o documento.
Do total de movimentos por conflitos, cerca de 17 milhões ocorreram na Ucrânia, onde cerca de 5,9 milhões de pessoas fugiram de suas casas. Muitas delas tiveram de se mudar repetidamente para encontrar recursos, um lugar para ficar ou apenas um refúgio dos combates. Já os desastres climáticos causaram 8,2 milhões de movimentos no Paquistão, por causa das enchentes, relata o Euronews.
O IDMC disse que quase três quartos das pessoas deslocadas do mundo vivem em apenas 10 países. A lista inclui Síria, Afeganistão, República Democrática do Congo (RDC), Ucrânia e Sudão, que viveram conflitos que provocaram deslocamentos significativos em 2022.
Nas Américas, o Brasil teve a maior quantidade de deslocados internos: mais de 5 mil pessoas por conflitos por terra e 708 mil por desastres naturais. A quantidade de afetados por condições ambientais é a maior em uma década, explica a Agência Brasil. O estudo do IDMC aponta como principal causa as tempestades que atingiram Pernambuco, no Nordeste, em maio de 2022, causando mais de 131 mil deslocados internos. Foi a segunda maior crise climática das Américas naquele ano.
Sobre os deslocados por conflito no Brasil, o relatório aponta que a maior parte dos casos se relaciona com disputas por terra em zonas rurais. Mais de 20% dos episódios foram registrados no estado de Goiás, onde o agronegócio avança a passos largos.
Apesar do recorde, o IDMC adverte que esses números “devem ser considerados conservadores”. Isso porque há grande dificuldade em obter dados confiáveis de áreas ocupadas por militares.
O recorde de migrações também foi noticiado por Axios, Al Jazeera e Yahoo.
Em tempo: Pelo menos seis pessoas morreram após a passagem do ciclone Mocha por Mianmar e Bangladesh no domingo (14/5). A região foi abalada por ventos sustentados de mais de 250 km/h quando Mocha atingiu a costa, provocando rajadas de quase 320 km/h e uma tempestade de até 4 metros. O maior campo de refugiados do mundo, em Cox’s Bazar, Bangladesh, foi duramente atingido e mais de 1.300 abrigos foram destruídos, relata o Guardian. Na segunda (15/5), equipes de resgate evacuaram cerca de 1.000 pessoas que estavam presas pela água do mar, que subiu a 3,6 metros de altura ao longo da costa oeste de Mianmar, detalha a AP. Washington Post, Reuters e BBC também noticiaram os impactos do ciclone Mocha.
ClimaInfo, 16 de maio de 2023.
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