Cúpula da Amazônia: Brasil quer política regional unificada para preservação da floresta

Cúpula da Amazônia
TV Brasil

O presidente Lula propôs aos oito países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) que estabeleçam uma política unificada para a proteção da Floresta Amazônica. Os chefes de Estado das nações da região irão se encontrar em agosto, em Belém (PA), na Cúpula da Amazônia.

Para Lula, é preciso estabelecer diretrizes sérias, que envolvam os Povos Indígenas, para evitar o desmatamento na Amazônia. Ao mesmo tempo, é necessário garantir a vida das 28 milhões de pessoas que habitam a região. 

“Eles têm direito de viver, de trabalhar, de comer, de ter acesso a bens materiais que todos nós queremos. E, por isso, precisam explorar não desmatando. Explorar a riqueza da biodiversidade para saber se podemos extrair a possibilidade de desenvolver uma indústria de fármacos, de cosméticos, por exemplo, para gerar empregos limpos”, disse o presidente, em conversa com jornalistas em Hiroshima, no Japão, após sua participação no encontro do G7, relata a Agência Brasil.

Lula voltou a falar em zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. E ressaltou que isso não significa transformar a floresta em um “santuário”, mas sim encontrar possibilidades de exploração sustentável, ressaltam Época Negócios e Correio Braziliense.

Acabar com a devastação amazônica até 2030 vai exigir do governo federal uma atenção especial a novos projetos de infraestrutura. Ao longo dos últimos 30 anos, 95% do desmatamento na Amazônia se deu em torno de rodovias abertas na região, apontam Joana Chiavari e Juliano Assunção, em artigo no Valor. Por isso, sugerem que o novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) deve ter tal tema como um dos eixos estruturantes.

“Os setores rodoviário, energético e de mineração localizados na bacia Amazônica, em conjunto, ameaçam mais de 50% das Áreas Protegidas, incluindo as Unidades de Conservação e as Terras Indígenas. Sendo assim, a inclusão do tema infraestrutura como objetivo do plano é medida importante, mas não é suficiente. Para reverter o nexo histórico entre infraestrutura e desmatamento, é necessário que o tema seja alçado ao eixo estruturante da quinta fase do PPCDAm”, dizem.

Em tempo 1: O presidente Lula planeja comprometer o Brasil com uma meta mais ambiciosa no combate às mudanças climáticas, segundo a Reuters. Em 2021, o governo do inominável prometeu reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 50% até 2030, acima do compromisso anterior de 43%. Mas usou uma linha de base mais alta, de 2005. Assim, apesar de percentualmente mais alta, a meta do inominável permitiria a emissão de 400 milhões de toneladas adicionais de GEE, em comparação com a meta anterior, aponta o Observatório do Clima. Para resolver isso, Lula pretende manter a redução de 50%, mas corrigir o problema com a linha de base – o que traria uma redução real das emissões. A correção é um passo importante, mas uma real progressão na NDC do país precisa colocar metas setoriais de redução de emissões. Além de obrigar os setores econômicos a levar a redução de emissões a sério, este passo criaria as condições necessárias para um mercado de carbono regulamentado.

Em tempo 2: Dados inéditos do coletivo Intervozes e do Instituto Vero indicam que há pelo menos 70 páginas nas redes que difundem fake news sobre o desmatamento na Amazônia e atuam em estados da região, com potencial para impactar a relação dos moradores com a floresta. Entre as mentiras, divulgam informações errôneas como o bioma “não pega fogo” e de as estatísticas oficiais sobre o desmatamento serem “distantes da realidade”. Também foi identificada a falácia do Brasil ser “o país que mais conserva o meio ambiente” em pleno governo do ex-presidente inominável. Os dados serão discutidos no seminário “Mentira que (Des)Mata: os impactos da desinformação sobre a Amazônia e as políticas climáticas e ambientais”, que será realizado na Câmara dos Deputados nesta terça (23/5), informa Lauro Jardim, n’O Globo.

ClimaInfo, 23 de maio de 2023.

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