Plástico reciclado pode ser mais tóxico e não resolve poluição, alerta Greenpeace

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AP Photo/Ben Curtis

Um estudo recente divulgado pelo Greenpeace dos Estados Unidos alertou contra a visão de que o plástico pode ser um material plenamente reciclado, sem efeitos ao meio ambiente. De acordo com a análise, a reciclagem do plástico pode torná-lo ainda mais tóxico e não deve ser considerada uma solução para a crise da poluição plástica.

O relatório observa que, de acordo com o Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), os plásticos contêm mais de 13 mil substâncias químicas, sendo que mais de 3,2 mil delas são perigosas para a saúde humana. Os plásticos reciclados, em virtude do reprocessamento do material, contêm níveis mais altos dessas substâncias, que inclui retardadores de chama tóxicos, benzeno e outros carcinógenos, poluentes ambientais como dioxinas bromadas e cloradas e vários desreguladores endócrinos que podem interferir nos níveis hormonais do corpo humano.

“A indústria de plásticos – incluindo combustíveis fósseis, petroquímicos e empresas de bens de consumo – continua a apresentar a reciclagem de plástico como a solução para a crise da poluição plástica. Mas este relatório mostra que a toxicidade do plástico na verdade aumenta com a reciclagem”, observou Graham Forbes, do Greenpeace EUA. “Os plásticos não têm lugar em uma economia circular e está claro que a única solução real para acabar com a poluição plástica é reduzir massivamente a produção de plástico”. A Agência Brasil e o Guardian repercutiram o estudo.

A análise foi divulgada antes da retomada das negociações internacionais em torno de um acordo global contra a poluição plástica, que acontece nesta semana em Paris, na França. Por um lado, alguns países querem limitar a produção de plásticos, em linha com o que a ONU e os cientistas apontam como necessário para reduzir significativamente a poluição plástica. Por outro, a indústria petroquímica e os países produtores do material insistem em uma abordagem de reciclagem do plástico, sem mexer em sua produção. 

Os Estados Unidos estão entre aqueles mais reticentes a uma restrição à produção de plástico. Até a semana passada, o governo norte-americano tinha a companhia do Japão, mas agora está isolado como o único país do G7 que não faz parte da chamada “coalizão de alta ambição contra a poluição plástica”, que pretende incluir metas para a redução da produção do material. O Climate Home deu mais detalhes.

Associated Press, Bloomberg e Reuters destacaram os principais pontos em discussão em Paris e os caminhos possíveis para o futuro acordo global contra a poluição plástica.

ClimaInfo, 30 de maio de 2023.

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