Se os países industrializados que mais contribuíram para a ocorrência das mudanças climáticas tivessem que pagar pelos danos de suas ações às nações mais pobres, a conta poderia chegar a incríveis US$ 170 trilhões em reparações até 2050, quase US$ 6 tri ao ano. O cálculo foi feito por pesquisadores da Universidade de Leeds (Reino Unido), em estudo publicado nesta semana na revista Nature Sustainability.
O estudo apresentou um sistema de compensação baseado no uso dos estoques globais de carbono e o que seria a “cota justa” de cada país para utilizá-los sem prejudicar o clima global. Pela análise, os países mais ricos e industrializados utilizaram muito além de suas cotas, o que desequilibrou o “orçamento de carbono” das nações mais pobres. Assim, a compensação proposta pelos autores se daria a partir do quanto de carbono extra as nações desenvolvidas queimaram e impediram suas contrapartes em desenvolvimento de utilizar.
De longe, os EUA são o país com o passivo mais significativo nessa conta. Por terem utilizado mais de quatro vezes o que seria sua “cota justa” dos estoques globais de carbono, os EUA deveriam pagar cerca de US$ 80 trilhões para reparar os países mais pobres que não utilizaram sua respectiva parcela de carbono – e que, por conta da crise climática, não poderão utilizá-la. A lista dos maiores emissores excessivos inclui também Alemanha, Rússia, Reino Unido e Japão.
De acordo com a análise, quase 90% das emissões em excesso foram registradas no Norte Global, enquanto o restante vem de países com altas emissões no Sul Global, especialmente aqueles ricos em petróleo e gás, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
“É uma questão de Justiça Climática que, se estamos pedindo às nações que descarbonizem rapidamente suas economias, mesmo que não tenham responsabilidade pelo excesso de emissões que estão desestabilizando o clima, elas devem ser compensadas por esse fardo injusto”, disse ao Guardian o pesquisador Andrew Fanning, autor principal do estudo.O estudo também foi divulgado por Forbes, Grist e Phys, entre outros.
ClimaInfo, 7 de junho de 2023.
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