Governo quer que UE considere Brasil como país com baixo risco de desmatamento

Lula e Comissão Europeia
Pedro Ladeira / Folhapress

Após o encontro entre o presidente Lula e a líder da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen na 2ª feira (12/6), o governo quer propor que, no texto do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, o Brasil seja declarado um país de baixo risco de desmatamento. O argumento é que 80% do território brasileiro se enquadra nesse critério.

A proposta seria uma forma de proteger as exportações de produtos brasileiros diante das novas exigências ambientais dos europeus. A declaração reduziria uma série de requisitos ambientais que não estão postos de forma clara pela UE e que preocupam governo e exportadores brasileiros, explica a Folha.

Em entrevista a rádios de Goiás na 5ª feira (15/6), Lula cobrou “racionalidade” do agronegócio para que o acordo UE-Mercosul possa avançar e ser concluído, relatam g1 e Carta Capital. Um recado do tipo “me ajuda a te ajudar”.

“O parlamento francês disse que não vai votar o acordo por causa da quantidade de veneno usado nos produtos agrícolas brasileiros. Então é importante a gente levar em conta que ser racional, cuidar da agricultura de boa qualidade, é uma necessidade competitiva do Brasil para a China e para a França, para os Estados Unidos e para a Alemanha”, disse.

Lula ainda disse que todo agricultor “inteligente” sabe o valor da preservação ambiental para as exportações brasileiras: “O produtor rural, aquela pessoa séria, aquela pessoa que vive da produção e exportação, sabe que será prejudicial para seus negócios a gente extravasar em queimadas, entrar em terras que não podemos entrar, poluir rios que não se pode poluir”.

Novamente o presidente disse que, se o agro tem algo contra ele, só pode ser ideológico. E frisou que não trabalha “tentando agradar” o setor, relatam UOL e Metrópoles. “Não trabalho tentando agradar um setor ou outro setor, senão você fica maluco. São milhares de setores no Brasil. Eu trabalho tentando criar condições melhores para o trabalho de 215 milhões de brasileiros, dentre eles, o agronegócio.”Embaixadores de países da UE ouvidos pelo Poder 360 consideram que diminuíram as chances do bloco assinar com o Mercosul o acordo de livre comércio. Dizem que o Brasil deveria ser mais “assertivo” em suas propostas. Mas, ao que tudo indica, o problema é “fogo amigo”, já que o parlamento francês aprovou um veto ao acordo, de acordo com UOL e O Globo. E o ponto é justamente o agronegócio brasileiro. Não por questões ambientais, mas sim por concorrência com agricultores franceses.

ClimaInfo, 16 de junho de 2023.

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