Shell vai ter que explicar como quer atingir net zero investindo mais em combustíveis fósseis

20 de junho de 2023

A equação é simples: menos produção de combustíveis fósseis, menos consumo e, logo, menos emissões de gases de efeito estufa. Mas não para a Shell. A petroleira anunciou que vai aumentar sua produção de petróleo e gás fóssil – e foi mandada para o inferno por isso –, mas manteve seus planos net zero. Agora, está sendo encostada na parede por investidores.

A Legal & General Investment Management, a maior gestora de ativos do Reino Unido, quer que a Shell explique como acha que ainda pode alcançar emissões-líquidas-zero até 2050 investindo mais em combustíveis fósseis. A decisão da empresa foi chamada de “catastrófica” por ativistas climáticos – o que é fato. 

A petroleira diz que ainda pode cumprir sua promessa aos acionistas de eliminar as emissões até meados do século. Mas não disse como. Logo, a conta não fecha, aponta o NewScientist. Ainda mais porque a empresa sinalizou que vai restringir os gastos em projetos de energia renovável àqueles que acredita poder competir com os retornos de seu negócio de combustíveis fósseis, detalha a Bloomberg.

Em uma apresentação para investidores em Nova York, os executivos da Shell disseram que planejam expandir os negócios de gás fóssil. O CEO da empresa, Wael Sawan, concentrou os comentários sobre o net zero na meta de longo prazo para 2050, em vez de objetivos de curto prazo. Isso apesar de um processo judicial holandês de 2021 que ordenou que a Shell reduzisse suas emissões de gases de efeito estufa em 45% até 2030, com base nos níveis de 2019, explica o npr.

A Shell abandonou os planos de cortar a produção de petróleo a cada ano até 2030, passando a focar firmemente nos combustíveis fósseis e em aumentar os pagamentos aos acionistas, lembra o Guardian. A petrolífera anunciou que a produção permaneceria estável até o fim da década. Antes, anunciou que cortaria a produção em cerca de 1-2% ao ano.

A petroleira vai investir US$ 40 bilhões na produção de petróleo e gás fóssil entre 2023 e 2035. Já para produtos de “baixo carbono”, os recursos investidos no mesmo período vão ficar entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões. Net zero?

Com a “nova” estratégia, a Shell se junta à bp no rol das petroleiras que decidiram continuar tão sujas quanto já eram. Mas, segundo a Bloomberg, essa desistência de ampliar sua atuação no segmento renovável, embora péssimo para o planeta, fortalece companhias que já atuam fortemente nesse setor.

“As empresas petrolíferas se afastando das energias renováveis ​​não é bom para a mudança climática, mas é bom para os concorrentes. Se tivessem decidido subsidiar as energias renováveis ​​com os lucros do petróleo e do gás , e eles estavam dispostos a aceitar retornos mais baixos, não seria bom para as utilities”, disse Deepa Venkateswaran, analista da Sanford C. Bernstein & Co.. 

Afinal, lucro antes sempre. A sobrevivência da humanidade que espere.

ClimaInfo, 21 de junho de 2023.

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