Depois da Alemanha, agora é a França que persegue ativistas climáticos

ativismo climático França
Sebastian Salom-Gomis, AFP

Parece que virou moda na Europa. O governo da França decidiu nesta 4ª feira (21/6) banir o grupo de ativistas climáticos Les Soulevements de la Terre (LST), sob a justificativa de que suas manifestações contra a crise climática representam uma ameaça à segurança pública. A ação acontece poucas semanas após as autoridades da Alemanha realizarem uma operação que resultou na detenção de ativistas sob acusação de fraude.

Como o Guardian explicou, o LST é um “guarda-chuva” de várias associações de ativismo ambiental na França que ganhou destaque nos últimos tempos pela abordagem mais contundente de manifestação. Em março, por exemplo, ativistas entraram em confronto com a polícia enquanto protestavam contra um controverso projeto de irrigação em Sainte-Soline, no oeste do país. O embate resultou em 30 policiais feridos, mas sem a mesma gravidade sofrida por dois manifestantes que ficaram em coma.

No caso do LST, as autoridades francesas classificaram a atuação como “ecoterrorismo”, o que motivou a decisão mais radical pelo banimento do grupo. “Sob o pretexto de defender a preservação do meio ambiente, (…) este grupo incentiva a sabotagem e os danos materiais”, afirmou o Ministério do Interior francês em decreto publicado ontem, citado pela Reuters.

A sociedade civil francesa, além de partidos políticos de esquerda, protestaram contra o banimento do LST pelo governo do presidente Emmanuel Macron. “A manipulação da lei pelo Executivo está se tornando cada vez mais preocupante. A ‘provocação ao dano patrimonial’, motivo de extinção do grupo, deve ser reservada para casos mais graves, e não em um contexto de desobediência civil onde a liberdade de expressão e associação prevalecem”, argumentou Laura Monnier, do Greenpeace francês.

AFP, RFI e Independent também repercutiram a decisão francesa de acabar com o grupo ativista LST.

Em tempo: Por falar em perseguição à sociedade civil, a Rússia proibiu o funcionamento do escritório do WWF no país, acusado de representar uma “ameaça à segurança na esfera econômica”. A bronca das autoridades russas é que a entidade estaria fazendo campanhas “tendenciosas” contra a indústria dos combustíveis fósseis, “prejudicando” o desenvolvimento econômico do país. A notícia é da Reuters.

ClimaInfo, 22 de junho de 2023.

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