“Precisamos de trilhões, não bilhões de dólares” para a ação climática, cobra ativista jovem na cúpula de Paris

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Ludovic Marin, Pool via AP

Enquanto os países desenvolvidos ainda quebram a cabeça para oferecer a soma de US$ 100 bilhões anuais para ação climática ao mundo em desenvolvimento, a realidade das perdas decorrentes da mudança do clima já supera – e muito – esse montante.

A ativista jovem Vanessa Nakate, da Nigéria, ressaltou essa realidade durante a abertura da cúpula de Paris sobre o financiamento climático global, realizada nesta 5ª feira (22/6). Para ela, os países desenvolvidos devem pensar em “trilhões de dólares, não bilhões” para conter os efeitos da mudança do clima nas nações mais pobres e vulneráveis.

“Pessoas em todo o mundo já estão sofrendo, passando fome, sendo deslocadas, abandonando a escola, sendo forçadas a casamentos infantis, perdendo suas culturas e história, sem esperança e morrendo devido ao impacto devastador da crise climática”, afirmou ela, citada pela Associated Press, durante a abertura da cúpula.

Outro nome que participou da abertura do encontro de Paris foi o secretário-geral da ONU, António Guterres. Com a contundência usual, o líder português reiterou que “está claro que a arquitetura financeira internacional falhou em sua missão de fornecer uma rede de segurança global para os países em desenvolvimento”. A Reuters citou Guterres.

Já a BBC conversou com uma das forças motrizes por trás das conversas de Paris, a primeira-ministra de Barbados, Mia Motley. Proponente da Iniciativa Bridgetown, que visa a reforma do sistema financeiro multilateral em prol da ação climática, Motley reiterou que a questão do financiamento climático é existencial para os pequenos países insulares. “Estamos todos juntos nisso. Se não o percebermos, não agiremos com a urgência necessária para salvar o planeta e a humanidade”, disse.

Até para evitar o mal-estar das conversas diplomáticas recentes sobre mudança do clima, o tom das lideranças que participam do encontro em Paris tem sido propositivo e cooperativo. No entanto, nem todos estão seguindo esse roteiro: a Folha destacou a conduta pouco amistosa do ministro francês de economia e finanças, Bruno Le Maire, que desancou a cobrança de entidades ambientalistas pela taxação da indústria dos combustíveis fósseis como caminho para financiar a ação climática.“Não precisamos de você para saber que os poluidores devem pagar, nós já o taxamos”, disse Le Maire. A fala amplia o mal-estar entre o governo do presidente Emmanuel Macron e grupos ambientalistas franceses, decorrente da decisão de banir o movimento ecologista Les Soulèvements de la Terre (LST) sob a acusação de “ecoterrorismo”.

ClimaInfo, 23 de junho de 2023.

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