Não há lugar imune no Hemisfério Norte neste início de verão quando se trata de altas temperaturas, intensificadas pela crise climática. Na Ásia, Índia e China sofrem com o clima extremo. Na América do Norte, o calor não dá trégua no México e agora chega aos Estados Unidos. E na Europa, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido sofrem com termômetros em elevação e deixam a desejar no cuidado de populações vulneráveis ao calor.
No fim de semana, chuvas fortes cobriram o norte da Índia, o que trouxe uma trégua muito necessária à onda de calor que devastou a região. Com a expectativa de que as temperaturas permaneçam altas, o calor crescente destacou como milhões de pessoas no país mais populoso do mundo estão entre os mais vulneráveis aos efeitos da crise climática. A chuva torrencial do fim de semana em Uttar Pradesh foi uma mudança bem-vinda para o estado de 220 milhões de habitantes. Na semana passada, algumas áreas registraram 47oC, matando 44 pessoas e afetando a saúde de milhares, relata a CNN.
O calor também vem batendo recordes no norte da China. Pela primeira vez na história, temperaturas acima de 40oC foram registradas em Pequim, capital do país, por três dias consecutivos, ressalta o Guardian, que mostra, em imagens, a estratégia dos chineses para lidar com as altas temperaturas. E 3 milhões de hectares de terras agrícolas chinesas vêm sofrendo com seca, mostra a Reuters.
No continente americano, o calor extremo e prolongado deve continuar nos estados do sul dos EUA e do México, informa o Guardian. A onda de calor que causou temperaturas recordes no Texas nas últimas duas semanas, como mostra a CBS, vai se estender a Oklahoma, Arkansas, Missouri e Louisiana.
E na Europa, os efeitos do calor vão do norte ao sul do continente. Na Inglaterra, o clima quente mais cedo do que o normal levou a demanda por água a níveis recordes. Uma concessionária proibiu o uso de mangueiras para garantir o abastecimento de água potável, e outras estão sentindo a pressão. É um alerta de um aperto que provavelmente ocorrerá com mais regularidade à medida que ondas de calor, mudanças nos padrões de chuva e infraestrutura centenária estressam o sistema, explica a Bloomberg.
Os britânicos já foram avisados para esperar mais calor no próximo mês, durando até 14 dias e subindo para 40oC, alerta o Mirror. Após o calor extremo recente, a Weather Company diz que mais temperaturas altas são esperadas no início e no final de julho.
No fim de semana, autoridades da Itália emitiram um alerta de onda de calor para 14 cidades, pedindo às pessoas vulneráveis que evitassem atividades ao ar livre. São esperadas temperaturas acima de 40°C em algumas partes do país. Segundo o Euronews, o “alerta laranja” de calor foi emitido para as cidades de Ancona, Bolonha, Bolzano, Brescia, Campobasso, Florença, Frosinone, Latina, Perugia, Pescara, Rieti, Roma, Trieste e Verona.
No nordeste da Espanha, a preocupação é com os incêndios florestais, devido à combinação letal de seca prolongada, temperaturas recordes e florestas cada vez mais densas, incapazes de se adaptar a um clima em rápida mudança, detalha a AP.
Outra preocupação é com as populações vulneráveis. Pessoas com deficiência na Espanha foram afetadas desproporcionalmente por extremos de calor sem precedentes, mostra um relatório da Human Rights Watch (HRW). Segundo o documento, detalhado por Reuters e Euronews, as pessoas com deficiência enfrentam risco de morte, problemas de saúde física, social e mental devido ao calor extremo, especialmente se “deixadas para lidar com temperaturas perigosas por conta própria” – um claro recado para o governo espanhol.Talvez por conta disso, o governo alemão está lançando uma campanha contra as mortes por ondas de calor. O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, disse que a Alemanha está aprendendo lições com a França, que implementou inúmeras medidas após uma onda de calor devastadora em 2003 que causou cerca de 15.000 mortes no país, relata a AP.
ClimaInfo, 27 de junho de 2023.
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