Emissões do transporte marítimo podem ser reduzidas pela metade sem impactar comércio, aponta estudo

emissões da navegação
Khaled Desouki / NASA / AFP

A Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), divisão da ONU responsável pelo transporte marítimo global, iria se reunir nessa 2ª feira (26/6) em Londres para uma quinzena de negociações sobre descarbonização do setor. Uma das discussões envolve a possibilidade de uma nova taxa de até US$ 100 por tonelada de carbono produzido por navios, de acordo com o Guardian. A taxação sobre o transporte marítimo global – o quarto maior emissor de gases de efeito estufa do planeta, com 3% do total – continua travada, e com apoio do Brasil, é preciso lembrar.
Mas enquanto as negociações não avançam, uma nova pesquisa mostra que é possível reduzir as emissões do setor quase pela metade até 2030 sem travar o comércio mundial. Encomendada pela Transport & Environment, Seas at Risk, Ocean Conservancy e Pacific Environment, a análise, feita pela consultoria CE Delft, sugere que a indústria naval pode diminuir as emissões entre 36% e 47% em comparação com os níveis de 2008, acrescentando apenas cerca de 10% aos custos totais. A redução se daria com a adoção de combustíveis de emissão zero ou quase zero, tecnologias de assistência ao vento e “otimização climática” da velocidade das embarcações.

Segundo estimativas da University College London, os custos seriam diminuídos pelos danos relacionados ao clima se o transporte marítimo não conseguisse reduzir as emissões de acordo com as metas climáticas globais. A previsão é de que cada ano de inação nesta década adicionaria US$ 100 bilhões extras ao custo de descarbonizar o setor, explica o Business Green.

A IMO se comprometeu a reduzir pela metade as emissões de navios até 2050, a partir dos níveis de 2008. Segundo a Reuters, é um compromisso que fica atrás dos planos da União Europeia e dos EUA de atingir zero emissões líquidas até essa data.

“Agora é hora de trabalharmos juntos para aumentar o nível de ambição para 2050 e estabelecer os pontos de verificação intermediários até 2030 e 2040”, disse o secretário-geral da IMO, Kitack Lim, em discurso aos delegados.“Esperar até 2050 para descarbonizar é como esperar até que sua casa pegue fogo antes de chamar os bombeiros. Isso seria irresponsável e hipócrita. A evidência mostra que reduzir as emissões pela metade até 2030 é tecnicamente possível e que os custos são administráveis. O que falta é vontade política. A IMO não pode perder esta oportunidade”, disse Faïg Abbasov, da Transport & Environment.

ClimaInfo, 27 de junho de 2023.

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