A briga entre Petrobras e Ministério de Minas e Energia (MME) por causa do gás fóssil continua. Depois de uma saraivada de acusações do ministro Alexandre Silveira – que quer porque quer mais combustível fóssil à disposição do mercado –, o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, saiu novamente em defesa da reinjeção de gás fóssil nos reservatórios de petróleo do pré-sal. Por enquanto, a atmosfera agradece.
Prates voltou a endossar o uso da tecnologia pela empresa. Segundo o executivo, a reinjeção funciona não apenas como forma de impedir a emissão de gás carbônico na atmosfera, mas também como uma ferramenta necessária para aumentar a produção de petróleo, o que eleva a arrecadação de tributos, como royalties e participações especiais, informam Estadão, Folha e Terra.
No sábado (24/6), de acordo com o Poder 360, o presidente da Petrobras compartilhou em seu perfil no Twitter um artigo de Tiago Homem, gerente executivo de Reservatórios da petroleira, publicado no Metrópoles. O autor defende que a reinjeção é uma questão técnica para aumentar a extração do óleo e mitigar a emissão de gases poluentes.
Homem explica que a maior parte do gás fóssil produzido no Brasil está associado ao petróleo em campos do pré-sal, com grande teor de gás carbônico. “Isso significa que, para produzir o petróleo do pré-sal, obrigatoriamente é extraído gás e CO2 entranhado no óleo. Esse CO2 que vem com o óleo não deve ser liberado na atmosfera por provocar efeito estufa. Logo, precisa ser reinjetado, e o gás é justamente o veículo que leva o CO2 de volta aos reservatórios”, diz ele.
Como não podia deixar de ser, o gerente da Petrobras aproveitou a explicação sobre a operação para “vender o peixe” de que a petroleira, com isso, “captura” carbono: “Com esta operação realizada continuamente nas diversas plataformas do pré-sal, a Petrobras executa o maior processo de captura de carbono do mundo”. O que é uma falácia, já que, na verdade, o que a companhia faz é não deixar o CO2 associado à produção de seus combustíveis fósseis escapar para a atmosfera e piorar ainda mais o efeito estufa.
Segundo o Poder 360, Silveira e Prates trocaram farpas seis vezes em 19 dias. Antes do tuíte no sábado, o presidente da Petrobras já havia mandado uma indireta pra lá de direta para o ministro, noticiaram Valor, Folha e O Globo.
“Vai entrar gás novo, não precisa ficar cobrando. O Ministério conhece a programação”, disse ele, na coletiva em que anunciou o estranho plano conjunto de “transição energética” com o BNDES. “A Petrobras não tem o menor interesse em sonegar gás da economia brasileira. A questão é o processo caber dentro do número de reservas”, reiterou.
Enquanto isso, a indústria apela para o que há de mais sujo em termos energéticos. A Coalizão pela Competitividade do Gás Natural Matéria-Prima (CCGMNP) divulgou uma nota pedindo a expansão da oferta de gás fóssil a preços competitivos, relata o Poder 360. E mais: declarou apoio ao programa Gás para Empregar [quem???], à exploração da Margem Equatorial e à produção de gás por fracionamento hidráulico (fracking) – processo que está causando estragos na Argentina.
O que é ruim sempre pode piorar…
ClimaInfo, 27 de junho de 2023.
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