Indecisão dos EUA coloca em xeque taxa global sobre carbono em transporte marítimo

EUA taxas transporte marítimo
Caribb/MOL

O pessoal do transporte marítimo internacional acompanha com atenção as negociações que acontecem nesta semana em Londres no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO). A grande proposta em discussão é a imposição de uma taxa global de carbono sobre o setor, vista como um instrumento importante para forçar a redução das emissões de uma das grandes indústrias globais que não são cobertas pelas contribuições nacionais ao Acordo de Paris.

Na semana passada, durante a cúpula sobre financiamento climático de Paris, o governo da França anunciou que 22 países teriam manifestado apoio à proposta, sem dizer, no entanto, quais seriam estas nações. Ao que parece, de acordo com o Climate Home, os Estados Unidos não estão entre os que apoiam a proposta.

Por ora, Washington tem evitado se manifestar com clareza sobre o assunto, permanecendo “em cima do muro” enquanto assiste o embate entre os pequenos países insulares, principais entusiastas da medida, e grandes exportadores, ricos e pobres, que enxergam nela um impacto significativo na competitividade de seus produtos.

Segundo especulação nos bastidores, na verdade os EUA estão amarrados do ponto de vista doméstico. O governo do presidente Biden seria favorável à taxa global de carbono sobre o transporte marítimo comercial, mas teme os efeitos políticos de um eventual apoio no tabuleiro eleitoral de 2024, sendo que o democrata se movimenta para disputar uma eleição que promete ser desafiadora.

A indecisão norte-americana, na prática, acaba jogando contra a proposta na IMO. Isso porque a resistência à taxa de carbono no setor marítimo ainda é significativa, inclusive por parte do Brasil e de outros exportadores de produtos primários. Para eles, uma eventual taxa vai encarecer seus produtos, principalmente em mercados mais distantes (leia-se China), reduzindo sua competitividade. Os reflexos da medida nas trocas comerciais também preocupam, já que a IMO poderia estar “roubando” atribuições da Organização Mundial do Comércio (OMC).

As discussões da IMO em Londres seguem até a próxima semana.

ClimaInfo, 29 de junho de 2023.

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