Noruega aprova investimentos de mais de US$ 18 bilhões em petróleo e gás fóssil

Noruega investimentos fósseis
Hakon Mosvold Larsen, NTB Ccanpix via AP

A Noruega anunciou nesta 4ª feira (28/6) uma série de novos investimentos na produção de petróleo e gás fóssil que totalizam mais de US$ 18 bilhões (cerca de R$ 87,2 bi). Os investimentos se destinarão a novos projetos de exploração em campos já conhecidos e na prospecção de outras áreas com potencial de produção.

A decisão vai na contramão das preocupações globais com a crise climática e a necessidade de reduzir a queima de combustíveis fósseis. No entanto, a Noruega vem destinando mais recursos para a ampliação da produção de óleo e gás no contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia e seus efeitos sobre o mercado global de energia. O país escandinavo tornou-se o maior fornecedor de gás para a Europa no ano passado, substituindo o combustível russo.

Segundo a Bloomberg, o governo norueguês entende que a demanda continuará forte no curto prazo, já que a guerra no leste europeu parece distante de um fim e outros grandes produtores petroleiros, especialmente aqueles sob a OPEP, continuam com sua estratégia de corte na produção para elevação dos preços internacionais.

Por outro lado, a decisão norueguesa coloca em xeque seus compromissos internacionais para combater a mudança do clima. Enquanto alguns analistas veem os novos investimentos na indústria de óleo e gás como uma estratégia de curto prazo para garantir receitas, outros argumentam que a Noruega quer maximizar o valor de seus recursos antes da transição energética integral para fontes renováveis. Para os brasileiros, principalmente aqueles mais atentos ao noticiário econômico dos últimos meses, isso soa como déjà vu.

Associated Press e Reuters também repercutiram a decisão da Noruega de ampliar seus investimentos na produção de energia fóssil.

Em tempo: A demanda cada vez maior por gás natural liquefeito (GNL) pelo mercado europeu está forçando países mais pobres, especialmente na Ásia, a retomar a queima de carvão para compensar o combustível que deixam de receber. “A sede da Europa por GNL tirou parte do suprimento permanente da Ásia, além de todo o novo suprimento dos Estados Unidos, e absorveu tudo”, observou Russell Hardy, CEO da Vitrol, maior comercializadora independente de energia do mundo, citado pelo Valor.

ClimaInfo, 29 de junho de 2023.

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