Não se trata de uma repetição da notícia dada há dois dias pelo ClimaInfo sobre o clima extremo no Hemisfério Norte. É “apenas” a continuidade das ondas de calor que começaram antes do verão e continuam atingindo variadas regiões da América do Norte, da Ásia e da Europa. Resultado de uma combinação nada saudável de mudanças climáticas e El Niño.
No Texas, no sul dos Estados Unidos e no México, a onda de calor já dura três semanas e vem batendo sucessivos recordes de temperatura. O calor extremo também atingiu a Índia e a China. Países da Europa já afetados pelo calor se preparam para termômetros em elevação. E no Canadá, os incêndios florestais generalizados continuam, lista o npr. “A maior parte da população mundial experimentou um calor recorde nos últimos dias”, diz Daniel Swain, cientista climático da Universidade da Califórnia.
A onda de calor recorde que atingiu Texas, Louisiana e México tornou-se pelo menos cinco vezes mais provável devido às mudanças climáticas causadas pelo homem, apontam cientistas ao Guardian. No Texas, as temperaturas escaldantes sobrecarregaram a rede elétrica do estado, informa a AP.
Segundo a Reuters, cerca de 62 milhões de pessoas no Arizona, no Texas e na Flórida estavam sob alertas de calor excessivo. A previsão é que a onda deve durar até o feriado nacional de 4 de julho, disse o Serviço Nacional de Meteorologia.
As ondas de calor já são o evento climático extremo mais mortal nos Estados Unidos. As temperaturas extremas causam exaustão pelo calor e desidratação grave, e também aumentam o risco de ataque cardíaco ou derrame. Esses riscos são ainda maiores em bairros de baixa renda e comunidades negras.
Uma pesquisa do Departamento de Energia do Pacific Northwest National Laboratory, publicada no One Earth e repercutida pelo phys.org, descobriu que, nas maiores cidades estadunidenses, as temperaturas são mais altas nos bairros negros do que nos brancos. A faceta ambiental do racismo típico do país.
A discriminação também se dá com pessoas deficientes. A Espanha foi acusada pela Human Rights Watch de falta de cuidado especial com essa população por causa do calor extremo, mostra a Reuters. Com o país sofrendo sua primeira onda de calor oficial do ano, o governo espanhol anunciou a criação de um novo departamento para investigar e aliviar os efeitos das temperaturas extremas na saúde humana, informa a AP.
As mortes na Espanha por insolação e desidratação nos meses mais quentes de 2022 – o ano mais quente já registrado – aumentaram 88% em comparação com igual período de 2021, informou o Instituto Nacional de Estatística. Segundo a AP, 122 pessoas morreram de insolação e 233 de desidratação entre maio e agosto do ano passado, após uma sucessão de ondas de calor. Um total de 189 pessoas morreram das duas condições em 2021.
Na Índia, as mortes causadas pela onda de calor de junho são um prenúncio de que o pior está por vir, reforça a Bloomberg. À medida que as ondas de calor ultrapassam o limite da capacidade de sobrevivência humana em um futuro não muito distante, os especialistas questionam se o país está devidamente preparado.
A série Hot Cities, da Bloomberg, analisa as mudanças que algumas das cidades mais quentes do mundo estão fazendo para proteger seus habitantes de temperaturas extremas. E Ahmedabad, na Índia, é um exemplo da colcha de retalhos de mecanismos para salvar vidas em um mundo mais quente.
Além dos programas de seguro para trabalhadores externos, há esforços em Ahmedabad para cobrir os telhados com tinta que reflete o calor; implementar sistemas de alerta precoce; e estabelecer enfermarias hospitalares especializadas em calor na cidade de mais de 8,5 milhões de habitantes. A abordagem proativa tornou-se um modelo para outras cidades de países em desenvolvimento que aceitaram que as temperaturas recordes não são apenas um momento estranho no clima: elas são a nova realidade à medida que o planeta continua a aquecer.É o que vem sentindo na pele o Reino Unido: junho será o mais quente desde que os registros começaram no país, há quase 140 anos. As temperaturas atingiram 32,2°C e uma onda de calor foi declarada em grandes áreas do país. Por duas semanas, os termômetros superaram 25°C quase todos os dias, disse o Met Office. O calor deve diminuir esta semana, mas não o suficiente para evitar que o recorde estabelecido em 1940 seja quebrado, relata a Bloomberg.
ClimaInfo, 29 de junho de 2023.
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