PF investiga coronel do Exército por vazar dados sobre operações a garimpeiros na Amazônia

coronel garimpo ilegal
Reprodução/ Polícia Federal

A Polícia Federal (PF) está investigando o envolvimento de um tenente-coronel do Exército em um esquema de vazamento de informações sobre operações de fiscalização para garimpeiros na região de Japurá, no norte do Amazonas. Segundo informou O Globo, a suspeita é de que o militar Abimael Alves Pinto, lotado na época no Batalhão da Selva, tenha recebido R$ 930 mil entre 2020 e 2023 para antecipar informações sobre operações realizadas nessa área.

De acordo com a PF, os pagamentos seriam feitos ao militar e à esposa dele por uma empresa de importação e exportação de minérios sediada em Porto Velho (RO), envolvida no garimpo ilegal. O proprietário da empresa foi preso preventivamente na última 3ª feira (27/6) e o tenente-coronel foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua residência em Ponta Grossa (PR). Os policiais apreenderam relógios e joias.

As investigações começaram ainda em 2020, depois da prisão em flagrante de duas pessoas que transportavam ouro de origem ilegal. A partir da detenção, os policiais conseguiram desbaratar o esquema, que envolvia até mesmo intermediários que “vendiam” os serviços de Abimael ao garimpo. Além de passar informações confidenciais sobre as operações de fiscalização, o militar também interferia diretamente nos procedimentos, atrasando o deslocamento de equipes, mudando repentinamente a rota dos fiscais e até mesmo forçando o cancelamento das operações.

Os principais beneficiários seriam Pedro “Pedrinho” Marcondes e Aldaildo Fongher, identificados pela PF como donos de dragas de garimpo e compradores de minério ilegal em Japurá. Marcondes chegou a ser preso em outubro de 2020, mas foi assassinado três dias depois. Já Fongher está detido desde maio passado, quando foi pego em flagrante com ouro escondido em um forno elétrico.

CNN Brasil, Correio Braziliense, Folha, g1 e UOL, entre outros, também repercutiram a notícia.

Em tempo: Cinco meses após o início das operações do governo federal para expulsar os garimpeiros ilegais da Terra Indígena Yanomami, os reflexos ambientais já começam a aparecer. Imagens de satélite mostram que a água de rios como o Uraricoera está mais limpa, sem a coloração marrom-barro que era característica durante a presença do garimpo no território. A notícia é da Folha.

Em tempo 2: O Conselho Monetário Nacional publicou novas normas sobre a concessão de crédito rural. A Resolução CMN nº 5.081 de 29/6/2023 estabelece que o crédito não poderá ser cedido a propriedades que não têm Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou que têm sobreposição com Unidades de Conservação, Terras Indígenas e florestas públicas não destinadas, a não ser em casos específicos, como utilização por Populações Tradicionais, inseridos em planos de manejo ou para imóveis de até quatro módulos fiscais, ou seja, de pequeno porte. O CAR tem sido usado para tentar legitimar grilagem, e a nova resolução restringe o crédito para esse tipo de atividade.

ClimaInfo, 30 de junho de 2023.

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