Transição energética: renováveis atraem mais investimentos do que energia fóssil

energias renováveis
Arte O Globo/André Mello

As energias renováveis são “coisa do presente”. Elas estão cada vez mais presentes nas matrizes energéticas dos países, ainda que de forma desigual, se compararmos China, Estados Unidos e União Europeia, onde crescem a todo vapor, com a África e a Ásia. A rápida expansão indica que o setor está alinhado às necessidades de economias de baixo carbono. Se a tempo ou não é outra história.

O investimento global em energia renovável deverá alcançar US$ 1,7 trilhão em 2023, superando, pelo oitavo ano consecutivo, o montante destinado aos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão), que deverá ficar em pouco mais de US$ 1 trilhão. A conta, lembra o Valor, é do relatório World Energy Investment 2023, da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), e engloba geração por fontes renováveis, veículos elétricos, redes inteligentes, armazenamento, combustíveis de baixa emissão e eficiência energética. O problema é que inclui também energia nuclear, considerada “limpa” por não emitir gases de efeito estufa, mas perigosa demais para ser vista como tal.

A expansão da energia renovável vem sendo puxada pelas fontes eólica e solar. Por sua intermitência, a indústria busca soluções para armazenar essa eletricidade, por meio de baterias – também a “chave” para a substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por carros, ônibus e caminhões elétricos. Com isso, também aumenta o interesse por minerais estratégicos. Segundo o Valor, a aplicação de lítio e cobalto pode aumentar até 500%, e o uso do minério índio, cerca de 12 vezes. Diante disso, é fundamental ter em mente estratégias para reduzir os impactos socioambientais dessa mineração, assim como das plantas de geração de energia.

No segmento, o Brasil de fato destaca-se por sua história, pregressa e presente. Se antes praticamente toda a matriz elétrica era baseada em energia hidráulica, hoje esse papel é compartilhado com as fontes eólica e solar. A primeira soma 26 GW de potência, que correspondem a 13% da eletricidade do país, enquanto a solar totaliza 30 GW de capacidade (incluindo os sistemas de geração distribuída), 14% da geração nacional, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) mostrados pelo Valor.

A incorporação de baterias em usinas eólicas e fotovoltaicas aumenta a eficiência dessas plantas. Como já dito, esses equipamentos tornam esses projetos mais previsíveis e confiáveis, além da desejada gestão casada com as hidrelétricas, e, com isso, mais aptos para crescer ainda mais, reforça o Valor. E melhor: jogando para escanteio o discurso que vende a necessidade de termelétricas a gás fóssil como “garantia” do sistema elétrico brasileiro.

No segmento de automóveis e comerciais leves, as vendas de eletrificados cresceram 43% em 2022 no Brasil, com quase 50 mil unidades, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) compilados pelo Valor. Em 2023, o número de montadoras no segmento passou de 27 para 34 e, em maio, as vendas subiram 90% sobre igual período de 2022, para 6,4 mil unidades.

Para completar, o “país do etanol” pode ser o pioneiro na produção de hidrogênio a partir desse biocombustível, numa parceria entre Shell Brasil, Raízen, Hytron, USP e SENAI CETIQT. Os ensaios para avaliar o hidrogênio de etanol serão realizados em três ônibus que circulam na Cidade Universitária da USP, que deixarão de utilizar diesel e serão adaptados com motores equipados com células a combustível para operar com hidrogênio. Os testes, explica o Valor, incluirão ainda um Toyota Mirai, primeiro carro de série da montadora japonesa a ser movido por hidrogênio.A busca pelas fontes limpas também está no ar – mais especificamente, no setor aéreo. A corrida pelo combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) movimenta algumas das principais empresas do mercado brasileiro de bioenergia. Com a diversidade de recursos naturais, a meta das companhias brasileiras é transformar o país em uma “OPEP” da SAF, aponta o Valor.

ClimaInfo, 30 de junho de 2023.

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