Transição energética: renováveis atraem mais investimentos do que energia fóssil

30 de junho de 2023

As energias renováveis são “coisa do presente”. Elas estão cada vez mais presentes nas matrizes energéticas dos países, ainda que de forma desigual, se compararmos China, Estados Unidos e União Europeia, onde crescem a todo vapor, com a África e a Ásia. A rápida expansão indica que o setor está alinhado às necessidades de economias de baixo carbono. Se a tempo ou não é outra história.

O investimento global em energia renovável deverá alcançar US$ 1,7 trilhão em 2023, superando, pelo oitavo ano consecutivo, o montante destinado aos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão), que deverá ficar em pouco mais de US$ 1 trilhão. A conta, lembra o Valor, é do relatório World Energy Investment 2023, da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), e engloba geração por fontes renováveis, veículos elétricos, redes inteligentes, armazenamento, combustíveis de baixa emissão e eficiência energética. O problema é que inclui também energia nuclear, considerada “limpa” por não emitir gases de efeito estufa, mas perigosa demais para ser vista como tal.

A expansão da energia renovável vem sendo puxada pelas fontes eólica e solar. Por sua intermitência, a indústria busca soluções para armazenar essa eletricidade, por meio de baterias – também a “chave” para a substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por carros, ônibus e caminhões elétricos. Com isso, também aumenta o interesse por minerais estratégicos. Segundo o Valor, a aplicação de lítio e cobalto pode aumentar até 500%, e o uso do minério índio, cerca de 12 vezes. Diante disso, é fundamental ter em mente estratégias para reduzir os impactos socioambientais dessa mineração, assim como das plantas de geração de energia.

No segmento, o Brasil de fato destaca-se por sua história, pregressa e presente. Se antes praticamente toda a matriz elétrica era baseada em energia hidráulica, hoje esse papel é compartilhado com as fontes eólica e solar. A primeira soma 26 GW de potência, que correspondem a 13% da eletricidade do país, enquanto a solar totaliza 30 GW de capacidade (incluindo os sistemas de geração distribuída), 14% da geração nacional, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) mostrados pelo Valor.

A incorporação de baterias em usinas eólicas e fotovoltaicas aumenta a eficiência dessas plantas. Como já dito, esses equipamentos tornam esses projetos mais previsíveis e confiáveis, além da desejada gestão casada com as hidrelétricas, e, com isso, mais aptos para crescer ainda mais, reforça o Valor. E melhor: jogando para escanteio o discurso que vende a necessidade de termelétricas a gás fóssil como “garantia” do sistema elétrico brasileiro.

No segmento de automóveis e comerciais leves, as vendas de eletrificados cresceram 43% em 2022 no Brasil, com quase 50 mil unidades, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) compilados pelo Valor. Em 2023, o número de montadoras no segmento passou de 27 para 34 e, em maio, as vendas subiram 90% sobre igual período de 2022, para 6,4 mil unidades.

Para completar, o “país do etanol” pode ser o pioneiro na produção de hidrogênio a partir desse biocombustível, numa parceria entre Shell Brasil, Raízen, Hytron, USP e SENAI CETIQT. Os ensaios para avaliar o hidrogênio de etanol serão realizados em três ônibus que circulam na Cidade Universitária da USP, que deixarão de utilizar diesel e serão adaptados com motores equipados com células a combustível para operar com hidrogênio. Os testes, explica o Valor, incluirão ainda um Toyota Mirai, primeiro carro de série da montadora japonesa a ser movido por hidrogênio.A busca pelas fontes limpas também está no ar – mais especificamente, no setor aéreo. A corrida pelo combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) movimenta algumas das principais empresas do mercado brasileiro de bioenergia. Com a diversidade de recursos naturais, a meta das companhias brasileiras é transformar o país em uma “OPEP” da SAF, aponta o Valor.

ClimaInfo, 30 de junho de 2023.

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