A corrida das grandes potências pelo lítio, essencial para baterias elétricas

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Carla Gottgens / Bloomberg

A atenção crescente da indústria automobilística ao desenvolvimento e à produção de carros elétricos está causando uma verdadeira disputa por fornecedores ao redor do mundo, especialmente dos chamados metais críticos. Montadoras de China, Estados Unidos e Europa estão “raspando o tacho” das minas atuais e investindo pesado na prospecção de novas áreas de mineração ao redor do mundo.

Um dos minerais críticos mais importantes para os veículos elétricos é o lítio, que serve como base para a atual tecnologia de baterias elétricas recarregáveis. Como o NY Times assinalou, montadoras como General Motors e Ford estão explorando novas áreas potenciais para retirada de lítio, inclusive na América do Sul, em países como Argentina e Chile. A escassez das reservas atuais de lítio força as empresas a disputar até mesmo minas menores, mesmo que sob um custo proporcionalmente maior.

Os norte-americanos repetem a estratégia chinesa dos últimos anos: vasculhar novas áreas nos rincões mais afastados do mundo. Um dos focos da busca da China por lítio foi a África – uma aposta que, segundo a Bloomberg, deve vingar. Isso porque, graças em grande parte aos investimentos chineses, a produção de lítio no continente deve aumentar significativamente nos próximos anos: a África, que hoje representa mero 1% da produção global, deve responder por 12% da oferta de lítio em cinco anos, beneficiando principalmente as montadoras chinesas.

O Financial Times contextualizou a movimentação chinesa por lítio no mercado global dentro dos objetivos do regime de Xi Jinping para atingir a “independência energética” do país nas próximas décadas. Assim, de montadoras de automóveis a fabricantes de alimentos, diversos setores estão correndo para investir e se beneficiar com a tecnologia das baterias elétricas, a um montante estimado em US$ 7 trilhões até 2040.

O Washington Post destacou a reação de europeus e norte-americanos aos avanços da China na busca por lítio e outros minerais críticos.

Em tempo: Não é apenas o lítio que desperta a cobiça da indústria de energia renovável. De acordo com a Bloomberg, o apetite global por painéis solares fotovoltaicos está resultando na escassez de outro metal essencial para esses equipamentos – a prata. Em 2014, a indústria de painéis representava 5% da demanda global por prata; neste ano, a expectativa é de que o setor represente pelo menos 14% do consumo do metal. O aumento da procura não está sendo compensado pelo lado da oferta: enquanto a demanda deve crescer 4% em 2023, a produção espera aumentar apenas 2%.

ClimaInfo, 4 de julho de 2023.

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