Países em desenvolvimento exportadores se opõem a taxa de carbono para transporte comercial marítimo

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Bernard Spragg / Flickr

Os países da Organização Marítima Mundial (IMO) têm até a próxima 6ª feira (7/7) para chegar a um entendimento em torno da criação de uma taxa de carbono sobre o transporte comercial marítimo. Vista como um instrumento potencial para arrecadar novos recursos para a ação climática e a transição energética, a proposta ainda está longe de um consenso, com as nações em desenvolvimento exportadoras de commodities, como o Brasil, puxando o coro contra a iniciativa.

Ana Carolina Amaral explicou o raciocínio brasileiro na Folha. Para o Itamaraty, uma taxação sobre o carbono emitido no transporte comercial marítimo pode comprometer a competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional, limitando principalmente as exportações para mercados mais distantes. Assim, os brasileiros se alinharam a outras nações que se opõem à proposta, como China, Arábia Saudita e Índia.

Hoje, a ideia da taxa de carbono tem o apoio da União Europeia, principal defensora da medida, além de pequenos países insulares vulneráveis às mudanças climáticas. Mais recentemente, durante a cúpula sobre financiamento climático em Paris, os governos da Grécia e da Coreia do Sul, que estão entre os maiores armadores marítimos do mundo, sinalizaram apoio à proposta. Já os Estados Unidos, como apontado aqui, seguem “em cima do muro”, sem indicar se estão a favor ou contra a proposta.

A taxa é apenas uma parte da agenda de descarbonização em discussão na reunião desta semana da IMO. Uma das propostas em discussão é a elevação das metas de redução de emissões do setor; hoje, a IMO tem como objetivo reduzir suas emissões pela metade até 2050, o que é visto como insuficiente por especialistas. A taxação seria uma das maneiras para acelerar os cortes de emissão.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, cobrou os países da IMO por metas mais ambiciosas. “A indústria tem visto algum progresso, mas deve se mover muito mais rápido para entrar no caminho certo e impulsionar o investimento e a inovação”, disse Guterres, que defendeu um objetivo de descarbonização líquida zero até 2050 e metas intermediárias de redução a partir de 2030.

As discussões e os obstáculos para o acordo climático na IMO foram abordados por diversos veículos nos últimos dias, com destaque para Associated Press, BBC, Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Reuters e Washington Post.

ClimaInfo, 4 de julho de 2023.

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