“Tempestade perfeita”: El Niño pode intensificar efeitos da mudança climática

El Niño 2023
AP Photo / Kirsty Wigglesworth

Dados mais recentes sobre o clima global estão causando preocupação entre os cientistas. Com a confirmação do El Niño e a expectativa de que o fenômeno seja particularmente mais intenso nos próximos meses, pesquisadores temem que o sistema climático global esteja entrando em uma fase mais errática, com mudanças meteorológicas abruptas.

Nos dois polos, observações feitas nos últimos três meses apontam para um aquecimento acima do normal. No Atlântico Norte, as águas superficiais mais quentes neste inverno estão intensificando o derretimento das geleiras no Ártico. Já na Antártica, a despeito do inverno, as geleiras marinhas que rodeiam o continente estão cerca de 2,5 milhões de km2 inferiores à média observada nesse período do ano.

“Se algumas décadas atrás, as pessoas pensavam que a mudança climática era um fenômeno relativamente lento, agora estamos vendo a mudança em um ritmo assustador”, destacou Peter Stott, da Met Office, ao Guardian. “À medida que o El Niño aumente durante o resto do ano, acrescentando um impulso extra aos efeitos prejudiciais do aquecimento global induzido pela humanidade, muitos milhões de pessoas em todo o planeta e muitos ecossistemas enfrentarão desafios extraordinários e, infelizmente, sofrerão grandes danos”.

O cenário climático é ainda mais desafiador pela demora da humanidade em responder às mudanças decorrentes da concentração crescente de gases de efeito estufa na atmosfera. Uma análise do serviço climático da Agência Copernicus, da União Europeia, apontou que as temperaturas cada vez mais quentes em solo e no mar estão puxando a média global perigosamente para próximo de 1,5oC de aquecimento, limite mais ambicioso definido pelo Acordo de Paris para restringir o aumento da temperatura média até o final do século. Reuters e VEJA deram mais informações.

E, por falar em calor, a Met Office confirmou que o último mês foi o junho mais quente já registrado no Reino Unido, com a temperatura média de 15,8oC, superior aos 14,9oC médios observados entre 1940 e 1976 e 2,5oC acima da média habitual recente para o mês.Um dos efeitos do tempo mais quente no Reino Unido é a morte em massa de peixes. “Os peixes são a parte visível porque é o que as pessoas veem flutuando na superfície, mas também é [sobre] o que está acontecendo com o ecossistema”, explicou ao Guardian Mark Owen, da Angling Trust. Associated Press e Reuters também repercutiram essa notícia.

ClimaInfo, 4 de julho de 2023.

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