Uma luz no fim do túnel da Organização Marítima Internacional (IMO). Depois de muitos embates e incertezas, a possibilidade de um acordo sobre a revisão das metas de redução de emissões para o transporte comercial marítimo parece mais próxima. De acordo com o Climate Home, o esboço mais recente de entendimento prevê a definição de uma meta de descarbonização do setor “até” ou “por volta” de 2050.
Atualmente, o objetivo de mitigação da IMO é bem menos ambicioso – corte de 50% das emissões do setor até 2050, insuficiente para cumprir os limites de aquecimento estabelecidos pelo Acordo de Paris. A União Europeia e os pequenos países insulares propuseram uma atualização dessa meta setorial para net-zero em 2050 e com objetivos intermediários de redução de emissões a partir de 2030.
A partir dessa proposta, o entendimento que se desenha é de definir um objetivo de descarbonização para o transporte marítimo comercial em 2050 ou algum momento ao redor disso. Essa segunda sugestão é defendida pelos países em desenvolvimento, que temem os efeitos de objetivos mais rígidos sobre suas exportações.
O esboço do texto discutido pelos negociadores define também as metas intermediárias de redução de emissão: corte de 20% em 2030 e 70% até 2040, em relação aos níveis de 2008. As duas metas são inferiores àquelas defendidas pela UE, ilhas do Pacífico e Estados Unidos. Ao que parece, a incerteza sobre o acordo reside exatamente nesse ponto.
“Qualquer coisa abaixo de 36% até 2030 e 96% até 2050 será prejudicial e terá um impacto devastador”, defendeu Albon Ishoda, negociador das Ilhas Marshall na cúpula da IMO em Londres. Por outro lado, metas mais ambiciosas podem melindrar o entendimento com países que vinham se opondo a essa medida, como Arábia Saudita e China.
O avanço nas discussões sobre a nova meta de mitigação para o transporte comercial marítimo contrasta com a falta de entendimentos sobre outro tópico na agenda dos países da IMO na capital britânica: a criação de uma taxa de carbono atrelada às emissões das embarcações. Por enquanto, não há indicação de acordo nesse ponto. Os negociadores têm até 6ª feira (7/7) para chegar a um consenso.
A agência Nikkei também abordou a situação das negociações climáticas da IMO.
ClimaInfo, 5 de julho de 2023.
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